Ele
chegou em casa com a cara toda arrebentada, estropiado mesmo. Deu
sorte de ainda estar com os dentes na boca. Mas a sua face,
desfigurada, retorcida e com poucas feições, não por culpa da
surra, mas por estar mais apático do que o seu normal. De uma
pintura de Rembrandt, seu rosto agora parecia o melhor dentre os
rascunhos. E não que o nosso camarada fosse dos mais bonitos, mas é
interessante para dar o tom dramático.
- Meu filho, o que houve com você? Já cansei te de dizer para não se meter com esse pessoal lá da praça. São piores que essa marginália que vive no sopé do prédio
- Puta que o pariu. Não me enche, pois se você soubesse o que é o sopé. Não sairia falando por ai o que não se é. Além do mais, de quem é a face? Em quem dói?
- Meu filho, o que houve com você? Já cansei te de dizer para não se meter com esse pessoal lá da praça. São piores que essa marginália que vive no sopé do prédio
- Puta que o pariu. Não me enche, pois se você soubesse o que é o sopé. Não sairia falando por ai o que não se é. Além do mais, de quem é a face? Em quem dói?
Empurrou
a velha logo em seguida, como quem espanta a mosca em frente dos
olhos. Não que a mulher fosse santa, mas ali, também não era a
porca e nem a culpada. Sendo o de sempre, mãe preocupada. Era assim,
apanha-se na rua e descontava em casa. Se não conseguia bater em
alguém que lhe tirava as cores da cara, era na mãe ou na namorada
que vestia-se de macheza e virava um bruto que supostamente amava. A
senhora chorando na sala, os prantos rugiam por toda a casa e nosso
amigo nem de longe se importava. Bem filho da puta, mas quem nunca
foi ou não é?Ouvia os choros e de nada ligava. Tomou em mãos o
celular e ligou para aquela moça, toda jeitosa, no alto dos seus 20
anos e que fazia programa como ninguém. Ambos já se conheciam de
outras aventuranças, um sabia dos problemas do outro e dessa vez ela
atendeu soluçando.
- Hoje não dá. Não é tão simples assim. Cansada, confusa e indignada. Sabe o que é um cara bater em você!?
- Aham. Quer conversar?
- Tá!
Só desligado. Até acharam que iriam conversar por telefone.
- Hoje não dá. Não é tão simples assim. Cansada, confusa e indignada. Sabe o que é um cara bater em você!?
- Aham. Quer conversar?
- Tá!
Só desligado. Até acharam que iriam conversar por telefone.
Ao
menos, depois da conversa, rolava uma trepada, quem sabe de graça,
isso, sem pagar nada. Serei um bom ouvinte. Juro, mas a tensão é
complicada, não penso só no bom ouvinte. Ah, quer saber? Foda-se.
Isso, pro caralho. Levantou-se e foi lavar o rosto, a face ardia como
meter a mão em brasa, aqueles cortes ardiam, mas já secavam.
Pensando bem, nem fora tudo tão grave, não dá para saber se era só
o camarada fazendo tipo ou o autor preocupado...
Bonitinha, sim, ela chegou. Mas normal, nada de mais. Tava meio frio, calça jeans e tênis. Blusinha de lã marrom. Bateu na porta e a mulher antedeu, deu oi pra mãe dele e entrou.
Bonitinha, sim, ela chegou. Mas normal, nada de mais. Tava meio frio, calça jeans e tênis. Blusinha de lã marrom. Bateu na porta e a mulher antedeu, deu oi pra mãe dele e entrou.
Conversa
vai, conversa vem. O sujeito até pensou em terminar com a namorada.
Pois é. Se aproxima e dá um beijo na boca, morno e úmido. A
língua se faz em mlhares de torçoes. Sabe como é, uma mão na
perna, ai ela escorrega devagar entre as coxas.
- Nossa, e eu aqui, com essa calcinha feia.
- Nossa, e eu aqui, com essa calcinha feia.
Pensou
naquele instante que isso faz parte pro momento ser excitante, mas
logo disparou:
- E você acha que eu transo preocupado com calcinha?
Ela se riu. O programa para ela, também seria de graça.
- E você acha que eu transo preocupado com calcinha?
Ela se riu. O programa para ela, também seria de graça.