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sábado, 31 de dezembro de 2011


 Ele chegou em casa com a cara toda arrebentada, estropiado mesmo. Deu sorte de ainda estar com os dentes na boca. Mas a sua face, desfigurada, retorcida e com poucas feições, não por culpa da surra, mas por estar mais apático do que o seu normal. De uma pintura de Rembrandt, seu rosto agora parecia o melhor dentre os rascunhos. E não que o nosso camarada fosse dos mais bonitos, mas é interessante para dar o tom dramático.

- Meu filho, o que houve com você? Já cansei te de dizer para não se meter com esse pessoal lá da praça. São piores que essa marginália que vive no sopé do prédio
- Puta que o pariu. Não me enche, pois se você soubesse o que é o sopé. Não sairia falando por ai o que não se é. Além do mais, de quem é a face? Em quem dói?

Empurrou a velha logo em seguida, como quem espanta a mosca em frente dos olhos. Não que a mulher fosse santa, mas ali, também não era a porca e nem a culpada. Sendo o de sempre, mãe preocupada. Era assim, apanha-se na rua e descontava em casa. Se não conseguia bater em alguém que lhe tirava as cores da cara, era na mãe ou na namorada que vestia-se de macheza e virava um bruto que supostamente amava. A senhora chorando na sala, os prantos rugiam por toda a casa e nosso amigo nem de longe se importava. Bem filho da puta, mas quem nunca foi ou não é?Ouvia os choros e de nada ligava. Tomou em mãos o celular e ligou para aquela moça, toda jeitosa, no alto dos seus 20 anos e que fazia programa como ninguém. Ambos já se conheciam de outras aventuranças, um sabia dos problemas do outro e dessa vez ela atendeu soluçando.

- Hoje não dá. Não é tão simples assim. Cansada, confusa e indignada. Sabe o que é um cara bater em você!?

- Aham. Quer conversar?

- Tá!

Só desligado. Até acharam que iriam conversar por telefone.

Ao menos, depois da conversa, rolava uma trepada, quem sabe de graça, isso, sem pagar nada. Serei um bom ouvinte. Juro, mas a tensão é complicada, não penso só no bom ouvinte. Ah, quer saber? Foda-se. Isso, pro caralho. Levantou-se e foi lavar o rosto, a face ardia como meter a mão em brasa, aqueles cortes ardiam, mas já secavam. Pensando bem, nem fora tudo tão grave, não dá para saber se era só o camarada fazendo tipo ou o autor preocupado...
Bonitinha, sim, ela chegou. Mas normal, nada de mais. Tava meio frio, calça jeans e tênis. Blusinha de lã marrom. Bateu na porta e a mulher antedeu, deu oi pra mãe dele e entrou.
Conversa vai, conversa vem. O sujeito até pensou em terminar com a namorada. Pois é. Se aproxima e dá um beijo na boca, morno e úmido. A língua se faz em mlhares de torçoes. Sabe como é, uma mão na perna, ai ela escorrega devagar entre as coxas.

- Nossa, e eu aqui, com essa calcinha feia.

Pensou naquele instante que isso faz parte pro momento ser excitante, mas logo disparou:

-   E você acha que eu transo preocupado com calcinha?

Ela se riu. O programa para ela, também seria de graça.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A (não) sacanagem que possui compostura.


     Dá meia noite, uma hora, duas horas da manhã e o sino invisível toca. Badaladas surdas que anunciam a passagem da noite. De um sono que eu busco vencer, de forma lascívia, vencer. Ou será que eu simplesmente perdi para uma luxúria romanticamente sacana?

                                        Dóm! Dóm! Dóm!

     Sempre achei esse lance de onomatopeia legal, cafona, mas legal. O que me incomoda é que parece que mata com a criatividade do leitor. Cada um escuta o sino que bem entende. Mas enfim. Noite a dentro e noite afora, o que une é um hálito voluptuoso, de cio mesmo. Seis dias por semana, um dia a menos porque é preciso recuperar as energias ou pelo menos   resguardar algo? Ah, foda-se. Sabe como é, dá-se uma relaxada, ao banheiro, termina-se o serviço e volta a cama. As vezes dolorido, é ansiedade e vontade demais, todo dia, não passa, é só ver um belo par de peitos que tudo começa de novo. É só de escrever que a vontade volta.

     O Goethe em alguma zona de Berlim, o Rilke visitando um bordel em Paris, Bukowski declamando poesia romântica e depois um belo gole de bebida barata com uma puta vontade de sair brigando com o Hemingway (mesmo sem conhecer direito o dito cujo), falar de muita sacanagem com a Simone Beauvoir e especular a Clarice Lispector para saber se a Macabéa gostava ou não gostava daquele quartinho sujo dela. Aquele cantinho lingueta. Pedindo por isso.

     Implorando baixinho, dizendo coisas boas, elogios, libidinosidades e grandes vontades que o receio de não querer mostrar o que se é, simplesmente escondem e são uma propulsão. 

     Assim, só de piração, viagem momentânea, por um triz.
     É que enquanto tomava um banho, entrava por aquela porta de calça justa, peitos em pé e cara marcada pelo tempo e por culpa do Sol :

- Ops, não vi que ai você estava!
- Não tem problema.

     É como o inferno Dantesco, só que de águas gélidas, demônios que foram transladados para a escrita e tem um caráter pérfido, malditos desleais que confundem a suposta nobreza que deveria ser carregada a escrita. Um perfume forte, marcante como uma decepção ou como uma bela passada de língua. Mas não moralize, não pasteurize. Se for para começar a contar, que seja com tudo. Abro uma cerveja e penso em um maço de cigarro. Abriria as pétalas do sexo de forma lenta, as mãos, a boca, a língua. Salivando como um ser bruto, animalesco :

"Oh vós que se propõe, abandonais toda a humanidade."

Dessa pieguice, trecho bem barato é que se faz um pequeno, um naco de relato. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Somente os já conformados tem preguiça de pensar o porque da conformação. Essas pessoas são as primeiros a apontar o dedo e com uma língua malsã dizer:
- Vejam, um conformista. Não o levem a sério.
Mal percebem que apontam seus dedos para um espelho e que suas línguas vertem uma saliva com odores de seus próprios órgãos.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011



Chegará um dia em que todas, todas as faces nas ruas irão parecer belas, onde todas as pessoas deixarão transparecer uma beleza que de tão sóbria e cansada deixará cada admirador extasiado e tão confuso que vai ser preciso frequentar tantos locais diferentes buscando fixar os pensamentos, os desejos e os medos.

As rugas, as marcas do tempo, os olhares desgastados, as unhas roídas, pés instáveis, cabelo por cortar ou pentear, um óculos torto, uma maquiagem borrada ou um andar irresoluto por culpa da embriaguez... Tudo isso é de uma beleza e de uma sensibilidade, hmmm... Uma beleza rota, isso, belezas rotas.

Tão apaixonantes quanto as faces, corpos bem torneados, peles bronzeadas, felicidades tão efêmeras quanto um Tweet (sim, vamos falar sobre algo do presente), são as tristezas, os sibilos de solidão, os urros de boa noite, as faces assimétricas, a vontade -ou a falta dela- de escrever o que bem entender na internet, no guardanapo, no caderno, em um naco de pacote de pão, Apaixonantes também são os corpos fora de padrões e com detalhes indesejados como um uns quilos extras, um riso e um aceno tímido. Apaixonantes como são as texturas das calçadas, das paredes ou a luz do poste aqui da janela.  Aconchegante também. Saber que todas as pessoas tem seus temores, inseguranças, desejos, expectativas e que por vezes elas também são entediantes, irritantes, angustiadas e com problemas para resolver...

Parece loucura, mas se não der para apreciar, apaixonar, e se entregar a todas essas coisas, eu sinto como perder uma grande parcela do que é a vida e do que seria o viver e eu sentiria como perder quase todo o possível, quase tudo que essa existência me dá. Eu tento fazer algo da única vida (como disse um filosofo e um amigo filosofo). Talvez eu só tenha e só tente aproveitar a minha única unicidade.

Mas que seja, por mais que escreva tudo isso, uma viagem só é feita de si para só.
Essa é um "tiquinho" da minha viagem, e que viagem diga-se de passagem hein haha

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Alerta sobre os óbvios


Não percebia mais sintonia
Conversava, ouvia mas não rezava
Uma unidade, nem dupla e sem terço
Nem profeta, sem poeta
Eu fugia de rosário berço


                                         Venha sono, mas me deixa o sonho.


Sentado em trono depravado
Eu vejo,vejo,vejo
Lembro quando me disseram:
Olha rápido ao percevejo.
Agarrado as garras no arbusto
Buscando sair
A qualquer custo

P

O

E

S

I

A


RIMA


COM    



FAZIA



Ai notei, percebi.
Anotei e pra não chorar
Só sorri.
Pois tudo que eu dizia
Era verbo passado
Ia, andava, sentia, vivia;
Iria, esperava, chorava e sorria.

O que passou em segundo, minuto ou hora
Em presas palavras eu corria anotar
Antes que a lembrança fosse embora.
E passado o presente
Na nívea virtufolha
Que bela merda
Fazia e escrevia
Maldito texto que como um rio
Ia, ia e ia.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Texto (dos) aos tolos ou o texto daquela despedida


Um tolo buscando qualquer forma de consolo
Assim você disse, do nada
Que de repente se iria
E vejo que daqui uns meses
Do teu exilio, o confirmar
De que você voltaria

Um tolo que ve em ti uma espécie de irmão
Que promete algo ensinar
Longe de termos uma mesma criação
De despedida pouco antecipada
E lágrimas, que confesso
Eu não esperava

Assim meus olhos te acompanharam meu amigo
Naquele teu andar, e tudo que você dizia
Maldita tristeza notei que me invadia
E diga-me, confessa
Teu estertor, tua agonia
Desgraçada escrita
Que nem ao menos aprazia
Fui o ultimo do teu adeus

Contou e revela
Acontecidos, agruras
Que abalam até uma cidadela
Terriveis novenas
Historias obscenas
Vai como um homem que a ninguém condena
Pois tu sempre parece condenado
Amarrado, estuporado
Algemado... Algemas da tormenta
Fuga, faz, corre... Lembra?

Diante da morte
Vejo no olhar um terror
Um temor
Olho e penso
Para que eu escreva, dos meu problemas
Qual primeiro esmaeço?
Debruçado eu olho impressionado
Nem ao menos eu sabia
Estou hospedado
No Hotel Fratenité

Vai-te, some
Fica longe e não honra nenhum nome
E digam, todos que haviam estado comigo
Qual o motivo de estar também em alegria
Talvez seja porque você prometeu um retorno
Em que nada será mais como a sua alma agia
Amargo gosto de saudade
Aposto minha vida, minha alma e toda minha eternidade
Que muitos hoje sentiram a maior de todas as ausencias
De alguma forma, sinto que poderei não te encontrar mais

Mas se eu te ver, e no teu retorno novamente te abraçar
Cumpres o que fez de promessa?
Que ela não tenha sido feita para alento
Ali, na despedida e na pressa...
Palavra de irmão, de amigo
Um familiar e com rosto sofrido

Vá em paz
E volte, pois assim que você retornar
E uma rima tola irei fazer
Amigos, muitos... Você há de encontrar

Você um pouco mais humano
Eu um pouco mais robô
É uma troca justa,
Não acha?

Acho!
Acho sim.
Tenho certeza.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Roubando aquela uma hora da manhã...

Que falta senti
Das formas baratas
De bebida, de filosofia
De conversa e de alegria

As faces encarniçadas
Sensibilidades rotas
Dentes feios
Olhares agourentos
Dores de estômago

Aos que só enxergam o mundo
Azul, rosa, todo colorido
Todo sem cor
Ou sem mundo
Desejo uma putrefação
Um carcaça que exala fedor ardiloso
Saboroso gosto de decomposição

Passamos as sensibilidades
Passamos a idade da razão
O que sobrou?
Nada, nada, nada
Temos os cimas
Temos religiões
Mas não temos Deus
Só temos
Só temo
Só temem
Na espreita
Algo que sobra
O que sujeita
Não tem vida
Não tem seio que alimente
Não há a menor saída
Para toda essa gente.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dos vícios que irão passar

E ainda hoje incomoda,
Algo daquela trama.

Sei que isso,
A ninguém engana.

Assim...
Juro que nunca mais leio...

Mas
Gostaria de enxergar
Todo meu antigo vício
Sem o menor receio.


sábado, 12 de novembro de 2011

Se toda pena,
Paira e plana.
Se toda pena é sentimento
Que difícil engana.
Se toda pena
Pesa menos que uma grama.
Então toda pena
De pena
Em pena
Faz
Pesado poema
Queria que contasse
Pobre cão
Pois tu choras e sofre.
Quando,
Dizem que não pode sentir solidão.
Teu grito estridente,
                           dente,
                                   dente.
Enche-me de compaixão,
Irritação que me surpreende.
Morde, rasga e escarnece,
Quando de ansiedade você adoece

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Poema banalizado

Passo a passo
Eu passo
No meio do espaço
Passo a passo
Eu passo
Tendo um espasmo

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Morrer
E voltar
Só para saber,
Só para ver
Qual Deus
Iria me receber
Sorria, ouvia e lambia.
No momento,
E o mundo todo,
Poética orgia.
Assim o maldito globo
Gozava e fazia

Tentei de tudo
Ser estudioso ou atleta
No fim e para tristeza da família
No limite virei poeta

E olha que nem isso hein
HAHAHAHA

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mefistófeles que não seduz pela manhã
E após soldado do dia
É de noite D'Artagnan

Inocente como universal criança
Pensava, sorria e holístico sentia
Breve vida e com breviário em mãos
Fazendo nova poesia

Cabe um manifesto,
Da verdade que comove.
Doce e grosseria eu infesto
E se possível putaria
Volta o manifesto
Da névoa e da neblina
Manifestam-se crianças
Buscando uma nova rima

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Fazer assim poesia
Não deixa espaço pra ecologia
Parece blá blá blá sem fim
Onde só posso falar de mim
Tropego andava
Mas sobre a rua
Corpo a corpo
Tudo se tocava
A vida é assim
Dói, escarra, cospe e esmaga.
Mas mesmo assim,
É um prazer vive-la,
Até o fim
Hoje em dia,
Poesia ideal de fazer
É muito pra pensar
E pouco tempo pra dizer
Bukowski fazia
Chinaski dizia
Máscara por máscara
A vida se fazia





Andava embriado.
Chegando em casa
Convite aceitado.
Noite fria e noite quente,
Volúpia lado a lado.
Poesia rápida, é assim
Dois versos, dois trecos
Pra você e pra mim
E que chegue rápido o fim

A que inveja eu sentia.
Pois, na tua idade
Nem poesia
Ao menos eu fazia
Poesia não é ciência
Muito menos filosofia
Como incluo ela
No meu dia a dia?


A resposta eu já sei
De humanidade
Preencho bem
E com sentimentos
Acredito que também

Haicai

Fazer haikai, eu quis
Mas quem diria
É mais difícil do que se diz










Sentado aqui
Penso e repasso
Muito do que vivi


















Assim o haicai
Nem se vem
Ou vai

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Após descobrir
A delicia de escrever,
Que é possível
De várias formas saber,
O quão apaixonante é
Algumas das muitas palavras dizer.

sábado, 29 de outubro de 2011

O silêncio é muito eloquente
Pena que de boca fechada
Qualquer idiota
Parece inteligente

Jogando Chaplin e Falcão no mesmo caldo haha
Ando deveras afiado
Parece que com facas
Meu Pensamento
Virou molde talhado

Trava lingua


Como de carne não mais aproveito
Como o que bem me entende
Como dela eu provenho
Tolero e de breve considero
Aquele quem aquela vende


Passo a noite em claro
Ouço um ruido
Solidão me ampara
Como anjo caído

Vejo
Um truque dentro da noite
Agora nas margens do Tejo
Onde latem sóbrios
Os cães do desejo

domingo, 23 de outubro de 2011

O discurso das sensibilidades


Algumas pessoas nascem, talvez, com uma sensibilidade mais apurada, ou então uma propensão a sentir as oportunidades sensíveis, com maior frequência. São essas pessoas que tornam a vida tão interessante, que nos apaixonam. Nesse caso e talvez em todos os outros, nos apaixonamos por sua arte, por suas palavras, pela poesia que elas fazem, a música que compõem ou escutam. Esses gênios são aqueles que conseguem extrair um fluxo, uma tensão e alguma coisa do óbvio e dos sentimentos que antes nós não havíamos percebido. Esses gênios tocam o coração, a alma, a pele, os nervos, a razão, os sentimentos, a carne, os ossos, os pensamentos, as sinapses, a nossa natureza, aquela divisão que foi chamada de cultura...
Tais homens, tal espécie, tal dominante é capaz das maiores atrocidades, terrores, aflições...
Tais homens, tal espécie, tal dominado é capaz dos maiores sorrisos, poesias, amores...
Os homens, os animais, as plantas, os espíritos, as estrelas, os planetas, as areais, as rochas...

Essa vida não deve ter razão e muito menos sentido. Ela deve ser simplesmente vida, vivida e amada.


" - Razão para que?

- A vida é um desejo, não uma razão."

Essas pessoas sensíveis, talvez passaram por uma labuta terrível, de razão e pensamentos que os levaram ao desespero, mas sentir... Sentir. Poucos passam com essa oportunidade...
Se desejar viver com intensidade, aprender a saborear as tristezas, ter uma dignidade triste e ainda sim sublime, soberba é algo que só os velhos podem ter, eu digo com muito orgulho que desejo, espero e aceito ser o mais velho dos homens. Carregarei a minha velhice prévia como um estandarte e irei deixá-lo bem alto, acima de todos os homens, de todas as tropas, acima das montanhas e se possível furando os céus. Criar uma chance onde todas as outras legiões consigam ver tal bandeira...

Mas não com um ar de querer ser reconhecido, não nasci para ser guia, comandante, ditador, líder, professor, educador, gerente, presidente ou um belo exemplo.
Certos homens - não falo de gêneros, não falo de sexo, não falo de malditos imperativos categóricos - podem notar uma sensibilidade após terem passado por algumas ou muitas agruras dos sem nervuras. Essas pessoas mexem com o que de maior e mais conflitante dentro de nós. Travam guerras incríveis, batalhas épicas onde onde no lugar de sangue, esvaem lágrimas, letras, palavras e textos...

A ciência, a razão, a ganância, a indiferença, a intolerância, o ódio, a resignação, a ordem, o progresso. os prazeres fúteis de um mundo raso mataram e ainda matam a única coisa que é possível de fazer valer as muitas existências, as vidas. Todas essas ideias são criações humanas que no final são extremamente indiferentes para o grande Universo, para a energia que o Sol queima e ainda sim, fazem parte de um grande cosmo, ainda tem um proposito... Bem como são ideias que podem e eu espero que sejam muito bem aproveitadas.
Aniquilamos a sensibilidade, a única chama que pode salvar qualquer coisa, qualquer coisa, qualquer coisa... Ela é o único relato, o único trapo, a única certeza, a ultima existência que pode não salvar, mas tornam qualquer vida mais digna, considerar qualquer existência.
Talvez "não precisamos" calcular o universo, medir a distancia entre as estrelas, entender silogismos alheios, lutar para mostrar quem entende mais ou pendurar certificados e diplomas em paredes.

Lutemos por algo que seja dos bom combatentes, que sobre os oceanos fragatas trafeguem, que os céus sejam cobertos por asas, que o solo seja marcado por marchas, mas lutemos por uma vida mais sensível, uma liberdade sensível, onde notemos que a tristeza e a felicidade ficam lado a lado, coexistem e são assim a forma do viver e amar essa vida. Nos tornamos tão próximos com a internet, com os comunicadores, com a telefonia e nos tornamos mais frios. Acredito que não se trata de novas formas de se comunicar, viver, existir, construir e comunicar devires. Não! Se for isso, parem esse mundo, parem que eu não tenho um minimo desejo de continuar aqui, onde as vidas, as espécies não podem se comunicar e muito menos compartilharem o mesmo planeta, a mesma natureza e a mesma consciência. Nos tornamos irascíveis, coléricos por motivos estúpidos, nos deixamos sofrer, adoecer e enfurecer por preocupações que no fundo não farão (e sabemos que jamais irão fazer) uma diferença epidérmica ou profunda em nossas vidas. Eu não posso mais ficar parado e notar as cores trevosas dos muitos olhares sobre muitas coisas do mundo. Não me importo se tudo é indiferente, mas eu quero acreditar que no fundo, no fundo em algum canto de cara vida, de cada ser humano existem uma vontade de não ser indiferente, de sentir as dores morais. Quero acreditar nisso, quero ter acertado ao entender o significado de que o homem é a imagem e semelhança de Deus. Que os reinos divinos habitam dentro de nossos amores, paixões, emoções e sentimentos. Que nunca seja preciso orar ou implorar por piedade, ser patético diante dos outros e que revolucionemos nossa mente, emoções e sentimentos. As revoluções politicas e sociais falharam pois nunca conseguimos revolucionar a mais difícil das sociedades, a mais complexa das politicas e o mais extenso dos universos... A nós mesmos...

No fundo eu sei que não, mas vou acreditar até a morte, com todas as minhas forças e nem que isso custe a minha vida, que vamos raiar novos dias, vamos ter asas e voar acima das nuvens, além da atmosfera e não ficaremos sem folego, não teremos cansaço e a liberdade será sempre desejada. Será o mundo dos sonhos, dos deuses, um reino único onde ainda haverá dor, mas essa será melhor pensada, haverá sofrimento, mas essa será mais evitada, haverá uma nova forma de existir com o universo, com o planeta, com homens, com os animais, com as plantas...
Pensaremos sensivelmente toda a vida e todos os seres. Tudo o que pode enxergar o Sol, tudo que está dentro e fora de cada um, essa mesma energia que faz o Sol queimar, as galáxias colidirem, as células multiplicarem e os sons propagarem...

Único e nas capacidades do múltiplo...

Poderíamos sumir e abraçar o espaço, o tempo e a tudo. Enfim a serenidade, o silêncio eloquente e o som originário do universo.

sábado, 22 de outubro de 2011

Filho Prodigo



Quando vieram de seus terras gélidas.
Todos alinhados, com estandartes e vísceras à mostra.
Marcharam de forma canhestra, carregam as bandeiras de vil legião.
Antepassados, ancestrais de mão firme, face alva e carne gelada
Esculpiam disformes e com um tremor, uma ânsia tão grande
Um receio e uma severa vontade de controle
Desejos que são mais fortes que uma fibra de carvalho
Dignos de forjarem um féretro de aço
De mil toneladas e com alças de ouro

De teu desejo jovem e quando faz relato impressionista
Confunde as cores e quando participa do cortejo do intelecto
Feito por milhares dos primatas, símios de fim de escala
Graduações cismáticas e simbólicas dos falsos títulos
Já não sou mais tão confuso
Mas teu verbo ainda consegue me fazer estremecer

Do peso, da cobrança que me faço
Volto a escrever na ociosidade da criatividade
Coço meu dorso e escrevo do regaço
Tossir, cuspir e expelir esse meu filho
E copiosamente copio em tamanha experimentação

Conjurei as almas, os já amortalhados escritores
Rimbaud, Verlaine, Baudelaire e Rilke
Neles eu despejei, os banhei de minha sede pelas escrituras
Temi que minha morte chegasse sem o retorno da vontade poética
E vi que de minha dor, irritação ou aflição
Estardalhaço, contentamento, sorriso e paixão
Continha o segredo, o tiro certeiro
De onde eu mais consigo fazer justificar minha mão

Daquelas alma invocadas, esperei pelas visitas durante a noite
Enxergar as finadas silhuetas e esperar pela inspiração
Por aquele desejo que me indica um destino
Na soleira da porta da sala aquele garoto
As tentações do amigo do garoto, o qual eu nunca vi
E sentado ao pé de minha cama eu vi aquele senhor
Carcaça no colo e adorador da 1 hora da manhã
Em pé ao meu lado, olhando me escrever, aquele homem
Cuja a passagem por Paris tentou fazer merecer
E sobre a minha coroa de xelins e de sonolenta areia
Eu vejo todos os espíritos
As tropas flamejantes dos indianos, dos persas, dos gregos
Frances, alemães e daqueles que por mim passaram
Tento por não ser filho da mendicidade das letras
Muito menos, escravo e mediocremente escritor

Os sussurros não ouvia
Absorto noutro mundo
Pobre diabo, se contia
Troco caricias com a noite
Lascívias sensações com a madrugada
Flertes com as musas e prazerosa reação
Junto de Nix e sua interminável escuridão
E quando rezavam Ave Maria, falava diretamente com Deus
Deitava no travesseiro com a resistência dos deuses
E acreditava que tudo se resolvia com as preces
Hoje, com uma feliz tristeza
Percebe que tudo também se resolve sem elas

Oh temor das insalubridades,
Gosto do lamaçal
Dragões cuspindo fogo e ardendo com as chamas de Marte
Vinde meus amigos, amores de outras vidas
E digam-me de onde consigo tamanha resistência e também
ter o tamanho medo dos rejeitados.
Filhos bastardos, abandonados por genitores
Cristalinas vontades que eu não percebi
Pois meu olhos se faziam esguios para nada ver.
Era uma preservação egoísta e tola
Onde deixei alguns prazeres
Serpentes calamitosas tentando escrever com suas pequenas patas
E duvidosas de onde as pousar assim que terminar

As Flores do Mal
A Temporada no Inferno
Os anjos que adornam a noite
As gárgulas da vigília
Vem ao meu encontro
E tentam a
 todo custo, minhas pálpebras pregar
Como um Cristo dos sonolentos e dos cansados
E ah, em gozo com o retorno desse vicio
Volto de outras formas, com palmilhas esfoladas
Despido e sem todas as joias
Pobre e rejuvenescido
De uma taça de esperança
A boca aberta para os nacos de qualquer coisa
Engasgam de luz
Sentam-se todos surpresos
E julgam aqui, que esse autor é fraco
Quando no minimo é tão forte quanto
Um tolo e contraditório trapo
Metáfora de Atlas e carruagem de Apolo
Volto como o filho prodigo a escrever
A mais consoante nota de uma escala

De negra alvorada
De sono de lavanda
E desejo escarlate
Aceito, agradeço e entrego-me
Ao mundo e a meu destino
Mas não como um veleiro sem comandante
Pois como eu haveria de ficar em terra,
Quando tenho duas enormes asas
Que ansiavam para novamente rasgar minhas vestes
E junto de Ícaro ou Hermes
Caminhar nas ardentes nuvens
Beijar o Sol e cozinhar as antes secas e encruadas bocas
Escreverei sempre e onde eu bem entender
E por quantas vezes eu desejar voltar
E se assim for 
possível
Criar um sabor doce nas inconstâncias
E adocicar o corpo com uma delicia autentica
Que é apreciar as diferenças
Pois semelhanças sempre enxergam os míopes
E aqueles de vistas fracas
A grandiosidade das diferenças, das incompatibilidades
Quando percebida e bem reconhecida
Fixa a vertigem de outrora
E cria vertigens novas
Inicia novos mundos
Novos contatos

Fiz de um espirito ocioso e inconstante
Das incongruências de minha alma
Meu próprio e maior amante
Amo essa própria vida
E traquejo diante do lago
Narciso do cuidado

Por agora, encerro o relato de meu estado
De meu sono, de meu céu e do meu inferno
Por três noites pensei
E só em uma madrugada expurguei
Já deito no meu colo
Uma grande beleza
E por um breve segundo temo o retorno
De alguma triste realeza
Mas que seja, se assim eu sou
Digo como encerram algumas preces
Amém

E assim...
Cumprimento o teu Deus, com o Deus que habita em mim.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Adeus


Se cada lágrima, cada nova manhã que eu acordo em aflição e angústia, cada minuto de tristeza que eu passo, cada respiração que eu acabo tossindo... Se isso, e acredito no que irei escrever agora, forem formas também de sorrir, de ser alegre e feliz por um momento, de ouvir uma música e encontrar-se nela, de escutar o sapatear de uma criança e sorrir, de ver um pássaro aprender a voar e compreender toda aquela paciência. Se ao compreender que para ter um segundo de felicidade, um momento de alegria, um dia de serenidade, esses estados de alma tão perenes e rápidos, seja preciso que eu tenha uma hora de tristeza, uma manhã de pranto ou uma conversa com o desabafo de um amigo, então que eu seja aflito e triste, pois só assim, quando a felicidade vier ao meu encontro, eu conseguirei abraça-la com toda a minha força e meu desejo. Naquele momento o melhor é conseguir ser expressionista e notar o som ardiloso do gotejar sobre uma pequena porção de água, ver de quantas formas é possível passear com a mão sobre uma parede ou tentar entender o conforto que existe quando vamos na casa de algumas pessoas.

Se tudo isso for também uma forma de presenciar a vida em uma das suas possíveis totalidades, se isso não for uma simples barganha que eu criei. Talvez por isso Rilke, Kafka, Rimbaud, Osho, Cioran, Verlaine, Byron, Bukowski, Corey Taylor (Sim, porque não?), Lawrence, Jung, Camus, Nietzsche e tantos outros que nunca ouvimos falar o nome possuíam, possuem e escrevem bem  agora, em algum canto do mundo obras tão belas, pois eles carregavam e carregam suas vidas ao limite, criavam obras de arte daquilo que parecia improvável e pouco óbvio, pois quando sente-se mal, a primeira coisa a ser feita é extirpar um sentimento ruim e tudo aquilo que é removido de forma abrupta deixa alguns nacos lá de onde foi retirado.

E se você acredita que eu quero parecer um coitado, se eu quero a piedade de alguns, saibam que sinto-me bem. Meus bolsos estão abarrotados das minhas tristezas e das tristezas daqueles que eu já fui em socorro, que eu já tive de usar palavras para um certo momento, o que me cabe agora é tentar o mais difícil, é usar comigo muito do que eu falei para ser feito. Essas formas antinômicas de existir, essas dualidades existenciais que sempre se busca evitar, uma psicologia de fundo de quintal que busca separar a razão do sentimento sendo que ambos são entrelaçados ao limite.
Quanto menos você se permite sentir aquilo que você pode sentir, mais sufocado e amortalhado o corpo se torna...
Mas eu sempre fiquei contente em saber que alguém precisava ouvir algo do que tenho a dizer, que queria ouvir dos meus sonoros suspiros.

As passagens, as mudanças, os encontros e as intensidades que muitos buscam, as despedidas alegres, tão difíceis de serem conseguidas essa é a chave da existência, de tentar uma vida serena. De não esperar que o lado de fora seja a peça chave da própria vida. Sim, sintam o vento, os relevos das calçadas, a chuva repicar no corpo, uma lágrima escorrer do rosto, esperar nada do mundo, o latido de um cão, as batidas de um coração, a lentidão do amanhecer e a velocidade que passa o dia, de chorar ate o limite como se houvesse um oceano, de amar em varias formas, de sentir uma fúria dentro do corpo, de orar impiedosamente, de crer no Deus que você mais precisar, de fazer bem a quem for, de não deixar que as suas tristezas ou seus rancores sejam descarregados em outra pessoa. Isso tudo é viver, É VIDA. Sim, das mais profundas tristezas as mais explosivas alegrias.

Que essa seja minha última postagem. Que seja para sempre, pois sempre acreditei que uma partida deve ser assim, sem volta, para sempre. Mas caso eu retorne, não fiquem espantados ou pensem que sou feito de contradições, tudo está emaranhado demais nesse universo para conseguir ser no mínimo contraditório. Não pensem que eu traço linhas totalmente retas, aqui eu fixava minhas vertigens, tentava anotar o inexprimível, escrevia minhas noites e os meus silêncios. Proferia minhas paixões, compartilhava meus sorrisos, retribuía os bons pensamentos matinais e as angústias do cotidiano. Relatava daquelas pessoas que entravam na minha vida e dos passeios, caminhadas que eu tinha com cada uma delas. Quando for possível notar que é a hora do partir e assim sentir uma forma de liberdade, nesse momento, será possível dizer que o corpo e a alma estão livres e que podem caminhar para onde for e onde houver vontade. Sendo do universo, ser o Alfa e o Ômega.... Me liberto do blog, mas não dos pensamentos e das palavras.

"Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso."

Somos isso, tudo isso.


Adeus






terça-feira, 4 de outubro de 2011

Antes dos sonhos


Na próxima esquina eu vou tentar encontrar algum autor pra citar. Parecer inteligente e ser o novo salvador do mundo. Mas no fim, só queria me desfazer de todos os livros que eu tenho e troca-los por uma simples serenidade e por belas palavras para acompanhar uma boa noite de sono.

Meus desejos são tão piegas e tão profundos quanto os desejos de qualquer um, a diferença é que desenvolvi a doença de rebuscar tudo que é falado. Escapei (?)  de que é possível dar algum sentido a existência por meio de texto em Arial 12 e espaçamento 1,5? No fundo, todo mundo sabe que a importância de uma filosofia é a mesma que a escolha de colocar cobertura ou não em uma taça de sorvete. Que a diferença entre um cachaceiro e Heidegger é minima. Ou como disse o cantor Falcão :

"Não sei se foi o Voltaire, ou foi um bodegueiro que disse"


Quanto mais você abre livros, pensa em especializações, tentar encontrar respostas para coisas que no fundo sabemos ser insondáveis, construir modelos educacionais, administrativos, políticos, sociais, culturais, identitários e tantos outros conceitos tão absurdos ou "irreais" quanto se pensar a metafisica ou se deus é destro ou canhoto, você se dá conta de que os outros se encontram afastados, longínquos e tentar lhe alcançar. Não existe ponte, corda ou passagem para que todos cheguem ao teu encontro. Nesse caso, cada um fica nos deleites da criação das barganhas, ou seja, não passamos de criadores baratos de barganhas.




domingo, 2 de outubro de 2011

Amém


      Missões malfadam. No seios das nobres alianças e quartos trevosos. Você vem ao meu encontro e me diz contos escabrosos, diz-me de gentalha medíocre, tão covarde e pobre de caráter e espirito quanto a ti, a quem chamam viciado. Dou me conta agora, que também espero minha catarse, em visões diferentes. Meu corpo, físico cessa e fica espatifado, migalhas que tenho de juntar enganando a outrem e também a mim...

     Teu demônio e teu deus habitam a mesma cela. Ambos tateiam paredes em torrentes de luz. Regozijo de ira, noções verbosas a quem chamaram de verdades. Quanto é de incomodo e de meu espanto ao ouvir isso sobre mim. Aqui, isolado, os sons plásticos ao fundo, mascaras cobrindo bocas, cobrindo a minha boca. Tentam respirar e mastigam as fibras que são engolidas em um movimento único e também sufocante.

     A ira, as vinhas odiosas eu nunca lhe apresento, pois sei que lhe faria temer e assustaria o mais devoto dos prantos ensurdecedores e aterrorizados. Digo isso e ainda tentaria explicar para quem, cada trecho seria. Controle insentido de significados. Onde eu pertenço? Este mundo? Ao mundo dos vermes? Ao mundo dos ditos animais? Ao mundo dos canalhas? Ao mundo que caminham os espíritos? Oh doce e melancólico sabor da ilusão e da breve solidão. Caminhem das montanhas. Venham ao meu encontro e no meu ultimo suspiro, naquele estertor da morte, digam ou me façam acreditar que minha vida valeu a pena, que tenha sido um pouco poeta, escritor, crédulo, cético, vilão, vitima... Todo alguém e que seja parte do mundo e uma certeza da centelha do universo.

     Que assim seja.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Para os que foram, os que vão e para aqueles que estão indo agora

Aturdido e atônito
Essa tua ausência de dizeres que criam uma brecha
Que amarrotam o fio, torcem ele de forma imprecisa
Quantas lágrimas eu já fiz alguém derramar
Aquelas do pranto triste e da felicidade atordoante
Aquela lágrima confusa, que se faz dividida
Escorre na face e tem um sabor doce e também amargo


Enviem cartas
Vãs tentativas de atender
Ah, e se assim eu me for?
Se me restam 24 horas?

Divino em horários
Preciso como uma bala.

Chute, cuspa, esmurre teu féretro.
Corpo ardiloso que escorre e tento manter


Oh, como tu és interessante.
Parcas palavras, parcos pensamentos.
Aqui eu noto o abismo novamente.
Vejo uma linha que diz: Ou tu te forças e fica aqui, vil pedregulho
Ou salta e poderá enxergar nem que por um breve momento
durante teu rápido salto, o horizonte
e além do horizonte, as tormentas que vem ao teu encontro
e depois dessas, a calmaria do céu.


Não sabes como lidar
Esse silêncio bobo
Ou talvez temeroso (que é o que eu mais temo que aconteça)
É chance para outras gargantas gritarem por entre as vielas
Que eu aqui caminho
Ah doces permissões
Concessões para os nobres
Permita-se
Sem medo, diga o que te vem a mente
Ou o que irá te surgir na cabeça


Que noite...
Qual noite...
Essa noite...
Alguma noite...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Vocabulário dentro da meia noite


Ai eu acabei dizendo :

Eu ja tentei falar devagar,
mas nao consigo
é muito difícil.
As vezes eu vejo meu vocabulario
e queria que ele fosse mais requintado
as vezes que fosse mais pobre
ai eu vejo que ele só é meu vocabulario
e fico contente com isso.

domingo, 18 de setembro de 2011

Luzes da Ribalta

     Sinto-me faminto e devo dizer que também faminto por palavras. Nunca fui habituado a saciar meu corpo somente com alimento, mas meus ouvidos, minhas mãos, meu nariz, meu olhos e minha boca sempre pedem por mais. Sejam por toques inconcebíveis, sabores novos, sons antes inaudíveis, fragrâncias cujo um Grenouille não seria capaz de sentir e cores que eu nunca antes havia percebido. 


     No atual momento, eu só precisaria ouvir o toque dos sinos de uma garganta, como os sinos que anunciam as passagens do dia. Estou virado de costas para o público, estático sobre a ribalta e momentaneamente cego por um dos refletores que ilumina somente a mim. Uma luz alva que adormece cada pedaço meu, seja dentro ou fora do meu corpo. Fito sem cessar aquela grossa cortina de veludo um pouco rosada, esperando ansiosamente pelo próximo ato. Meu roteiro está pronto, minhas falas decididas, mas não ensaiadas.
     
     Como hoje me fora dito, se é criativo, jamais será teórico. Concordo e devo ainda dizer que, poetas são aqueles que não acreditam que fazem poesia, músicos não se empenham em simplesmente fazer música, cronistas não fazem simples crônicas, pintores não jogam simplesmente tintas na tela, desenhos não são feitos após longos treinos e um ator não simplesmente aprende a atuar. A arte, a criação, seja de qual forma você possa imaginar, NUNCA é ensinada, NUNCA é aprendida. A origem desse seio artístico, eu pouco me importo, pois estabelecer origens é simplesmente impossível quando as coisas acontecem no meio. Mas que seja, os seres criativos, de uma forma ou de outra não podem aprender a criar. Vamos dizer que o artista nasce sendo artista, Porém, talvez haja algum estimulo, alguém que lhe de um pequeno empurrão, mas isso só ocorre pois já havia predisposição daquele que foi empurrado. Engraçado que nunca houve quem me empurrasse, aprendi a caminhar de forma cambaleante, por vezes taciturno, mas também explodindo sobre o convés desse grande navio que é a minha vida e que navego incessantemente nos oceanos das muitas existências.

     Enquanto eu lia aquele livro, notei que as mãos estavam coradas com um pouco de sangue, cogitei brevemente ser o sangue de um certo personagem, mas os livros, as historias não se confundem tanto assim com a vida. De encontro ao espelho, retesei e vi um pequeno filete de sangue escorrer pelo lado esquerdo da minha face. Tentava conter, mas de nada adiantava. Olhou com cuidado o livro e percebeu que nada havia ficado manchado. Estancava aquele pequeno corte como se fosse possível sufoca-lo como uma boca que respira e que haveria de ser morta. Lavou o rosto e aquela água fria evaporava quase que instantaneamente de seu rosto e embaçava-lhe as lentes que a mais de anos o ajudam a enxergam melhor. Enxugou o lado direito do rosto e deixou o outro lado da face ainda úmido. Não queria sujar aquela toalha com uma ninharia sanguínea. Era como se ali houvesse duas faces, a da direita seca e quente, a da esquerda molhada e fria. A sensação era única e a vontade de descreve-la (como faço agora) maior ainda. 

     Nessa caminhada, esse sair caminhar que é a vida de cada ser vivo, cada criatura que habita esse planeta, eu desejo soprar um fio de esperança, alegria, amor, confiança, saudade e tudo mais que seja possível de ser pensado. Ou eu caminharei sempre junto, se assim tu decidir, e quando dou minha palavra eu sigo ela até o fim. Pois bem sabe que eu nunca procurei faltar com a minha lealdade e fidelidade. Ou deixo o palco, saio das luzes da ribalta de uma vez por todas e assim irei em busca de novos roteiros e encontros da minha existência. Pois conforme eu disse uma vez e volto a repetir, "sair sem dar meia volta, enquanto ainda existe do que sentir falta."

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um experimento?

     Após sonhos inquietantes, eu acordei. Mas como em uma frustração literária, não me tornei em um gigantesco inseto. Se assim fosse, minhas maiores preocupações seriam em como eu poderia me virar ou me cobrir.
     Acordei com uma ânsia, com uma pequena preocupação e adormeci logo em seguida.
     Quando menos percebo, meus olhos estão abertos e coberto por três mãos estavam naquele sonho, sinuoso pesadelo.
     Me faço desperto incontáveis vezes nessa manhã e cada vez pensamentos e preocupações diferentes me invadem e me extrapolam....
E na última hora, quando sem saber iria despertar pela última vez, deito-me sobre a parte mais rígida do leito e ali tomo por minha cornija de minuto. Deito com a face voltada para a terra e os pensamentos, tão meus, repetem sem cessar:

" É único e desfruta agora de tua rápida meditação. Nesse breve instante o universo é somente teu, solitária criatura que espalhou prodígios verbais e que hoje são usados de forma que inclusive amortece seu próprio corpo.
Esvazie tua mente, nada de pensamentos, sinta o vazio esvaziar, ser vazio nutritivo e logo em seguida lembrar que as possibilidades de vida são tantas, as porções de coisas a serem feitas, o quanto tu és melhor que agora e nem por isso cria expectativas. Em minha mente existe uma decisão? 
Sei que sonhei com proximidade o sonho de alguém, não seria a primeira vez que isso acontece."

     Falava a mim mesmo, como seu eu estivesse de fora olhando-me deitado na cama. Como um espirito que conversa com alguém, uma criança que lamenta sobre o corpo do pai ou um amante que fica conversando com sua amada ainda enquanto estão deitados na cama, seja antes ou depois de explodirem em prazer. Sendo que o prazer não precisa ser necessariamente o do sexo.

     Olho o relógio e são quase meio dia. Lembro que em algum lugar talvez seja meia noite. Penso um pouco sobre o que podem ser as horas.
Levanto e me permito tomar uma caneca de café bem forte e que deixa em brasas todo o trajeto que a bebida realiza. O calor desse liquido me leva a pensar que, no fundo, as coisas continuaram as mesmas. Talvez nunca tenham mudado. Escrevo um pouco e olho pela janela. Olho alguns livros e fico notando o reflexo das letras douradas que estão localizadas em suas lombadas e que ficam refletindo de forma indiferente ao meu movimento na cadeira. Movimento esse que serve para deslocar a claridade por sobre as letras.

     Recordo sem mais nem menos, de uma certa noite, onde vestiram-se de algo que me aquecia.

     Faço perguntas que eu já sei as repostas, mas preciso ouvir. Sou assim, cronicamente questionador. Cavando até o fundo da minha curiosidade. Alimento-me e depois, durante o banho, fico repetindo em alhures o que eu queria escrever aqui. Penteio rapidamente meus cabelos e volto ansioso. Sento e começo a escrever. O que eu não esperava é que por fim eu tomasse uma forma simplória de expressionismo e levemente autobiográfica.
     Continuo ansioso e meu receio é de que eu continue assim por algum período, como aquelas pedras na areia da praia, cujo a força do oceano não consegue move-las, ao menos que elas queiram. E eu posso. Eu sei. Como sei que você também pode. Já que você chegou até aqui, algo em você já decidiu, falta somente a tua decisão ser total para que seja criatura unica e completa, pois assim poderemos ser criadores de arabescos com as ligações que as estrelas fazem no céu e também tornarmo-nos pequenos escritores de alguns minutos espalhando palavras no mundo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Verborragia da ira

Mendigos de afetos, cristos maltrapilhos e santas de altar ignorantes.
Emitam cuspidelas em suas faces como sons mudos.
Se tu viu os expoentes de tua geração nas ruas
Procurando uma dose forte de qualquer coisa
Eu temo em lhe dizer que vi meus próximos assim
Os ídolos, os expoentes eu ignorei
Atropelei a todos como um trator
Cuja carcaça é feita de força confiante
Fúria e ardor convulsivo

Febrilmente pois tu faz o melhor
A poucas léguas de distância
Sou feito das palavras carnosas
Invólucros e resquícios de simulação
Mas aqui fico atordoado
Pois do meio de tanta raiva
Sempre surge, serpenteando por entranhas
afastando aquilo que parece sufocar
buscando ar
um sentimento de serenidade que ameniza
De tudo e mais um pouco de tudo

Mas olho-te, enervo-me
Digo que te odeio e tento te profanar
E disso tudo ainda borbulha em mim
Um desejo de carinho, calor e paixão tenra
Sou assim tão doentio?
Confusão
Turbilhoar e socos da maré nos rochedos
Das opções que tenho agora, uma em cada mão
Ambas não me são sedutoras

Lapidando certos cristais
Do gosto azedo da decepção
Do alto custo da cobrança para consigo mesmo (a)
E quando eu brado e grito palavras de confiança
E que são para alentar teu coração aflito
Parece que tu não acredita nelas
Como se fossem espirros lisérgicos
Ou simplesmente de um trágico personagem
Dissimulado e que
Ao mesmo tempo é enternecido

Vinte e um anos
E tomando por licença poética
Roubando e  modificando,
A frase de um amigo
Supostamente parece que não vivi a idade que eu tenho.

"Pois se tenho 21 anos, não significa que eu vi somente 21."


Dos versos verborrágicos eu passei distante, admito isso sem medo de ser falso modestamente.
São tão minhas e tão de vocês essas palavras.
Nutram o sentido que for possível e caso queiram saber a ocasião que me leva a escrever, perguntem sem demora. Sou pouco adepto dos círculos ou dos passos cambaleantes quando tentarão proferir palavras para mim.

Pois como disse um certo poeta (?)



"O poeta faz-se vendo através de um longo, imenso e sensato desregramento de todos os sentidos."


"ALCHIMIE DU VERBE"



terça-feira, 13 de setembro de 2011

12/09/2011 – 10:44


           Essa falsa clareira me recorda as letras balzaquianas, que jorravam romantismo e como o velho Chabert, as pequenas planicies saltavam em varios e pequenos sepulcros. O Sol sempre queimava e ainda queima minhas roupas. Minhas lentes laqueiam minha visão e descambo como uma avalanche, que vai levando tudo o que encontra e torna-se mais e mais densa.
          Como mármore, estátua sob o escaldo, peço, rezo e imploro as carniças, as crianças e aos amantes, que agora, nesse exato instante, seja vazio pelo vazio. Ventre descolorido, e o que eu deveria dizer há de ser dito, ainda mais quando não parece ser bem vindo. As palavras saem, são expelidas, tossidas de minha postura heraldica, nobre e tola forma de ser escritor nessa manhã quente.
          Aqui sou rei do mundo, unico soberano e dou voz, falo em nome dos estranhos, dos tristes, dos que passam frio nas frontes, no lugar dos vencedores, dos que sufocam seus gritos bestiais, dos brutos, daqueles que falam de amorosidade, de amor e das flores com suas pétalas banhadas de orvalho.

Esvaziado.
Enfim.
Mas sinto que..
Sinto que...

          Sinto que me olham agora com indiferença e medo de encontrar mais um ser, um espirito produtivo e criativo das meias horas, delirando e gozando das letras, com a serenidade que guardei em um canto e por vezes julgo que a deixei em algum canto.
Olha-me e finge que não existo. Mas na verdade é uma doçura filha do medo.
Quando chamam a mim e não respondo, sou agora um algoz, nada de ser unicamente um servo.
Dessa forma, exulto meu peito confiante!

12/09/2011 – 10:44

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Desprovido do sentido


(...) o que me toca em um animal, a primeira coisa é que todo animal tem um 
mundo. É curioso, pois muita gente, muitos humanos não têm mundo. Vivem a vida de todo mundo, 
ou seja, de qualquer um, de qualquer coisa, os animais têm mundos. Um mundo animal, às vezes, é 
extraordinariamente restrito e é isso que emociona. Os animais reagem a muito pouca coisa. Há 
toda espécie de coisas... (...)


L'Abécédaire de Gilles Deleuze
A de Animal



Nil

          Tudo isso é filosofia! Você tem o mau costume de fazer filosofia com qualquer ninharia. Se está chovendo, filosofia... dói o dedo, filosofia... cheira queimado, filosofia. E quando eu ouço filosofar sobre essas besteiras, começo a pensar, sem querer, que a alfabetização não é tão útil a todos, não...



Pequenos Burgueses
Máximo Gorki

Salve

O blog carrega um gosto de eternidade. Aqui eu nunca me importei com a quantidade de leitores. Aqui eu sou roubado e sou um ladrão de língua ácida.

Ao me roubarem, levem tudo que é meu, mas não levem minhas amorosidades, a força produtiva, o fogo que alimenta e consome minha, nem aqueles que eu sei que amo ou aqueles que poderei chorar assim que eu ver partir. Caso contrario leve de uma vez minha vida, pois sem uma das coisas que eu acabo de lhe citar, maldito ladrão, seria o mesmo que não viver. Seria respirar debaixo da terra, seria caminhar cadavericamente, seria viver na ausência do que é viver.

Salve aos poetas.
Salve aos amantes.
Salve aos filósofos.
Salve aos bêbados.
Salve as mulheres e suas doces delicadezas.
Salve aos galantes.
Salve aqueles que sabem poder mais do que fazem.
Salve aos leitores.
Salve aos salvadores.
Salve aos escritores.

Os miseráveis

Entre a miséria financeira do professor, fatídico mestre, prefiro a do artista, do poeta, do dramaturgo, do pintor, cantores, compositores, dos escritores, dos pensadores de meia hora edos copos de água ou dos cálices de vinho.

A miséria existencial dos artistas é para mim, menor que a dos mestres, dos guias ou dos que abriram todo um caminho entre a mata fechada. Só levam onde podem e/ou querem.
Ensinar, seja lá o que seja o ensinar, o conhecer, o pensar, as sinapses e tudo mais que essa realidade irreal permite que nos seja permitido, é uma via de mão única, suspiro muitas vezes autoritário, sufocante, fixador e condicionante. Talvez não passe de obediência.

A desordem dos pensamentos, as misturas possíveis das cores ou os manuscritos sempre me permitiram maior liberdade.

Oh, fala o autor astuto. Herdeiro do trono renegado.
Oh, grande descendente dos povos do frio.
Quanto orgulho a ser expedido.
Tentem professar, profetas dos últimos séculos a força criativa, a poesia feroz e lacerante.
Tentem professar, profetas dos últimos século as compressões do tempo.
Tentem professar, profetas dos últimos século a capacidade de emergir minimo diante do oceano.
Tentem professar, profetas dos últimos século o impossível de professar.


Entre a miséria da mente do professor, fatídico mestre, prefiro novamente a do artista, pois a do segundo, não parece tão miserável.
É inventiva.
Mas do que isso, é criativa.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011


Elena
         Sabe... eu vou confessar uma coisa... Sou muito dura, muito insensível... Eu não consigo gostar das pessoas infelizes... O senhor entende, existem pessoas que se sentem infelizes sempre: ponha sobre a cabeça dessas pessoas o Sol em vez do chapéu, enfim, a coisa mais deslumbrante do mundo... e elas continuarão a se queixar: "Ah, como eu sou desgraçado, como eu vivo só, ninguém me dá atenção, a vida é triste, angustiante, entediada, começa e recomeça..." Quando eu vejo esse tipo de gente, eu sinto uma vontade má de faze-las mais desgraçadas ainda!...

Teteriev
            Minha cara senhora, agora é minha vez de confessar: não suporto ouvir mulher filosofando, mas quando a senhora filosofa, eu sinto vontade de beijar suas mãos...

Elena (maliciosa)
             Só quando eu filosofo?... (Percebendo) E eu brincando enquanto lá dentro está uma pessoa sofrendo...


Pequenos Burgueses - Máximo Gorki

            Eu não queria sentir tuas dores, ser tão intimo da tua nervura... Eu queria ter uma força cativa. Eu não interpreto um cadáver egoísta, eu não um drama protagonizado por santos ou um robô criado para ser preenchido por entranhas. Tenho para quem chorar, sei de quem pode chorar por mim e convulsivamente, sou teu cúmplice aflito e envolvido por rebuscada (?) tormenta. Não lembro mais do que você me disse, mas eu lembro e por um curto prazo eu tive a certeza de desejar ser frio e ao derreter, pelo calor do mundo, evaporar e voltar ao iceberg, aos pontos mais gelados desse universo. Não haveriam de notar minha falta. Diante de mim, hoje, notei que marcham tropas inteiras, passam ao longe galeões de madeira nobre cujas velas desfraldadas possuem uma figura esférica que detona direção. Parto ou fico? Deixo algumas poucas noites escritas com todos vocês? Continuo por essa viela lúgubre e sufocante ou me permito respirar o hálito fresco de novos lugares? Tantos tons desafinados de despedida e impactos que encerraram algo que não havia começado e que iniciam um pranto que nunca havia terminado.

Deixo o meu silêncio, jamais a minha ausência, por mais que eu tenha que sair as pressas...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Meus olhos enxergavam algo que nunca me foi possível ver.


Como pode, esse teu pranto.
Essa tua tristeza amortalhar Tudo que fui hoje? Vá e visite o préstito
E saiba que não é do teu triste viver
Que faço degrau para o que escrevo
Mas estranho e sinto pesar
Tudo o que teu coração chora
Afogo-me em um ardente gole
Em brasas engulo do soluço

Mas essa leviandade
Esse peso, desafio de Atlas
Amortecem no reino de Hades
Reinam sobre as roseiras do Olimpo
E nem conheci
Nunca vi ou ouvi Mas de ti, por saber do quanto é triste
Não quero por muito me alongar
Ou dizer o indizível Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam. Fixava as vertigens. Mas elas não se fixavam.


Teu olho mirava a tua existência, de longe, como um astro que inunda em chamas um pedaço do universo.
Os vazios se preenchiam de nada. Mas o nada nutria, alimentava era força... De alguma forma...



Hoje e agora me bastam as palavras, pois agora sei, que onde eu achava que não havia de encontrar lágrimas, derramei oceanos.