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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para _________

Dessa agora serenidade
Após ouvir agruras
Outros em escafandros
Tanto oceano sobre poucas cabeças

Insensatez que fala o límpido
Da fala sã e cheia de transgressões
Não existem platôs ou planícies que possam trilhar
Pois no mundo já cambaleiam perfis cadavéricos, sinapses incomunicáveis
Dádivas irremediáveis que não a um único ser disposto a receber

E sopra, umedece e por mais estranho aquece
Quando se retira algo cria-se um espaço
Preenche-o com ar, água ou poesia
Como o vento passa

E agora não incomoda
Não há turbilhão e nem enseada borbulhante
E amanhã ao fitar o céu concretado de branco
Talvez venha lástima
Mas passa
Como o vento
Como um viajante
Aquele dito homem errante

Carrega no bolso as próprias mãos
As faces latejantes de frio
Agora o rosto desfigurado e com dois lados
Isso também passa?
Ah esses cosmos
Delicados universos
Tão belos em serem lapidados
Tão árduos em serem vivenciados

Aqui estou do lado
Aqui posso estar perto
Aqui pode ser ali
Aqui já pode ter sido aqui
Aqui já não é o que era antes

Empalideço diante do reflexo
Não jaz como Narciso
Euterpe ao abraçar Erato
E espanto-me com a rápida peripécia de Hermes
Que tão logo vira órbita de Apolo

O que fazem tantos povos nos arredores da Grécia e nas ruínas de Cartago?
Adejam todos esses sonhos?
Ou abrolham desejos desvanecidos?
Sou um rebento, um filho
De uma tradição para alguns anosa
Sinto vigor e contumácia opaca

Sinto passar
Como vento
Como trecho de caminhada
Com folguedo escrevo
E jovial deixo agora outra página de minha vida
Veloz existência
O nosso Maio de 1968 (sic) será feito com bocas seladas, mão atadas e faces apáticas.
São os minutos de silêncio mais eternos que os seres de nosso tempo puderam presenciar.
O prefixo pós nunca foi por ser do depois e sim por ser do póstumo.
Somos essas cadeias de carbono, peças atômicas autônomas e reações enzimáticas. 
Não há perdição, não existem raízes e muito menos agregadores para nossas existências.

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