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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Sobre o que uns diziam ser louco e outros que era só teimosia

Sobre o que uns diziam ser louco e outros que era só teimosia

Quem naquela estrada passava,
sempre encontrava um homem que
por mais alto que fosse o matagal
teimava de encontrar seu caminho,
ali na beirada da estrada.

Alguns o perguntavam:
“O que você ainda faz aqui?”
“Vá seguindo esse caminho já pisoteado, 
pois tem cidade ali em frente. Lá tem cama, comida e água quente.”
E aquele sujeito que para alguns era só mais um coitado, 
louco ou pobre diabo, relutante respondia:
“Não sei, não quero. Minha morada é onde ninguém tem moradia.”
“Não a conforto que conforte a mente. 
E sei que há um caminho fora dessa estrada. Sempre há!”

Caravanas, mercadores, tropas, cortejos, 
viajantes e tudo mais que se pode imaginar.
Por vezes, até a cidade o homem ia, mas ao chegar lá,
percebia uma noite mais fria, faces opacas e uma comida amarga.
Na calada da madruga partia, 
e o sereno mais que um cobertor o acolhia.
Famintos, desabrigados e viciados,
na saída da cidade de tudo se via.

Sua cabeça? Nem gorro aquecia. No caminho,
trocavam um pão, um tijolo e o que mais fosse 
Só por um pouco de sua sabedoria.
E, depois te ser ido ao seu abrigo,
no fim da noite, enquanto o clarão do dia rugia,
voltava a beira da estrada e quem novamente o avistava
Dizia :
“Deve ser só teimosia”.

Pois, junto as pedras com que ficava
Sabia que ao meio delas 
o seu caminho iria pisar.
E assim espera, todo dia.