Fui para a guerra,
coroado com cicatrizes, machucados, cortes, ferimentos sufocados, o
sangue marcava os curativos. É um cão, animal dividido, cortado e
com os nervos a mostra. Sofre e cospe tudo que tem de impuro. Não
está salvo, o interior é sujo e retorcido. Agora te deita e
adormece rodeado das papoulas e reina com o teu próprio sono.
Se me lembro bem, as
cápsulas são de veneno, carregam pequenos infernos, doses em
oitavas e que regem o coro das reações. Cozinham-me o corpo, os
órgãos e marcam o sabor, tatuam na língua um gosto áspero, amargo
e que parece ser o trilhar da cura, o préstito para as minhas
contaminações.
Assim, me recordo de um sujeito, e como estupefatam suas palavras, folego custoso e que descanso meus olhos, levanto o cenho, admirado e com fundos de inveja. Com os teus 21 anos foi um maior, vencedor e com um triunfo perdido. Foi idolatra dos que havia de desdenhar, foi um baluarte, carregava a bandeira da vil tropa que caminha sobre a Terra. Infante da língua, fez terríveis, sofríveis e maravilhosas experimentações. Fez alquimias, troça e desconcerto com as filosofias, que no Ocidente são desagradáveis e tocantes no Oriente. O que fazem da mente os homens?
Pois bebi das tuas
palavras, do teu cerne, absorvi o sangue das entranhas, Roubei teus
estilos mas ainda tento compreender as vidas, as criatividades e uma
morte prematura, pois foi embora, pequeno, pérfido e ardiloso
Rimbaud. O Arthur, maior do que um rei, maior que os reis.