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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Desprovido do sentido


(...) o que me toca em um animal, a primeira coisa é que todo animal tem um 
mundo. É curioso, pois muita gente, muitos humanos não têm mundo. Vivem a vida de todo mundo, 
ou seja, de qualquer um, de qualquer coisa, os animais têm mundos. Um mundo animal, às vezes, é 
extraordinariamente restrito e é isso que emociona. Os animais reagem a muito pouca coisa. Há 
toda espécie de coisas... (...)


L'Abécédaire de Gilles Deleuze
A de Animal



Nil

          Tudo isso é filosofia! Você tem o mau costume de fazer filosofia com qualquer ninharia. Se está chovendo, filosofia... dói o dedo, filosofia... cheira queimado, filosofia. E quando eu ouço filosofar sobre essas besteiras, começo a pensar, sem querer, que a alfabetização não é tão útil a todos, não...



Pequenos Burgueses
Máximo Gorki

Salve

O blog carrega um gosto de eternidade. Aqui eu nunca me importei com a quantidade de leitores. Aqui eu sou roubado e sou um ladrão de língua ácida.

Ao me roubarem, levem tudo que é meu, mas não levem minhas amorosidades, a força produtiva, o fogo que alimenta e consome minha, nem aqueles que eu sei que amo ou aqueles que poderei chorar assim que eu ver partir. Caso contrario leve de uma vez minha vida, pois sem uma das coisas que eu acabo de lhe citar, maldito ladrão, seria o mesmo que não viver. Seria respirar debaixo da terra, seria caminhar cadavericamente, seria viver na ausência do que é viver.

Salve aos poetas.
Salve aos amantes.
Salve aos filósofos.
Salve aos bêbados.
Salve as mulheres e suas doces delicadezas.
Salve aos galantes.
Salve aqueles que sabem poder mais do que fazem.
Salve aos leitores.
Salve aos salvadores.
Salve aos escritores.

Os miseráveis

Entre a miséria financeira do professor, fatídico mestre, prefiro a do artista, do poeta, do dramaturgo, do pintor, cantores, compositores, dos escritores, dos pensadores de meia hora edos copos de água ou dos cálices de vinho.

A miséria existencial dos artistas é para mim, menor que a dos mestres, dos guias ou dos que abriram todo um caminho entre a mata fechada. Só levam onde podem e/ou querem.
Ensinar, seja lá o que seja o ensinar, o conhecer, o pensar, as sinapses e tudo mais que essa realidade irreal permite que nos seja permitido, é uma via de mão única, suspiro muitas vezes autoritário, sufocante, fixador e condicionante. Talvez não passe de obediência.

A desordem dos pensamentos, as misturas possíveis das cores ou os manuscritos sempre me permitiram maior liberdade.

Oh, fala o autor astuto. Herdeiro do trono renegado.
Oh, grande descendente dos povos do frio.
Quanto orgulho a ser expedido.
Tentem professar, profetas dos últimos séculos a força criativa, a poesia feroz e lacerante.
Tentem professar, profetas dos últimos século as compressões do tempo.
Tentem professar, profetas dos últimos século a capacidade de emergir minimo diante do oceano.
Tentem professar, profetas dos últimos século o impossível de professar.


Entre a miséria da mente do professor, fatídico mestre, prefiro novamente a do artista, pois a do segundo, não parece tão miserável.
É inventiva.
Mas do que isso, é criativa.