Quando
vieram de seus terras gélidas.
Todos alinhados, com estandartes e vísceras à mostra.
Todos alinhados, com estandartes e vísceras à mostra.
Marcharam
de forma canhestra, carregam as bandeiras de vil legião.
Antepassados,
ancestrais de mão firme, face alva e carne gelada
Esculpiam
disformes e com um tremor, uma ânsia tão grande
Um
receio e uma severa vontade de controle
Desejos
que são mais fortes que uma fibra de carvalho
Dignos
de forjarem um féretro de aço
De
mil toneladas e com alças de ouro
De
teu desejo jovem e quando faz relato impressionista
Confunde
as cores e quando participa do cortejo do intelecto
Feito
por milhares dos primatas, símios de fim de escala
Graduações
cismáticas e simbólicas dos falsos títulos
Já não sou mais tão confuso
Mas teu verbo ainda consegue me fazer estremecer
Do
peso, da cobrança que me faço
Volto
a escrever na ociosidade da criatividade
Coço
meu dorso e escrevo do regaço
Tossir, cuspir e expelir esse meu filho
Tossir, cuspir e expelir esse meu filho
E
copiosamente copio em tamanha experimentação
Conjurei
as almas, os já amortalhados escritores
Rimbaud,
Verlaine, Baudelaire e Rilke
Neles
eu despejei, os banhei de minha sede pelas escrituras
Temi
que minha morte chegasse sem o retorno da vontade poética
E
vi que de minha dor, irritação ou aflição
Estardalhaço,
contentamento, sorriso e paixão
Continha
o segredo, o tiro certeiro
De
onde eu mais consigo fazer justificar minha mão
Daquelas
alma invocadas, esperei pelas visitas durante a noite
Enxergar as finadas silhuetas e esperar pela inspiração
Por
aquele desejo que me indica um destino
Na
soleira da porta da sala aquele garoto
As
tentações do amigo do garoto, o qual eu nunca vi
E
sentado ao pé de minha cama eu vi aquele senhor
Carcaça
no colo e adorador da 1 hora da manhã
Em
pé ao meu lado, olhando me escrever, aquele homem
Cuja
a passagem por Paris tentou fazer merecer
E
sobre a minha coroa de xelins e de sonolenta areia
Eu
vejo todos os espíritos
As
tropas flamejantes dos indianos, dos persas, dos gregos
Frances,
alemães e daqueles que por mim passaram
Tento
por não ser filho da mendicidade das letras
Muito menos, escravo
e mediocremente escritor
Os
sussurros não ouvia
Absorto
noutro mundo
Pobre
diabo, se contia
Troco
caricias com a noite
Lascívias
sensações com a madrugada
Flertes
com as musas e prazerosa reação
Junto
de Nix e sua interminável escuridão
E
quando rezavam Ave Maria, falava diretamente com Deus
Deitava
no travesseiro com a resistência dos deuses
E acreditava que tudo
se resolvia com as preces
Hoje, com uma feliz tristeza
Percebe que tudo também se resolve sem elas
Percebe que tudo também se resolve sem elas
Oh
temor das insalubridades,
Gosto
do lamaçal
Dragões
cuspindo fogo e ardendo com as chamas de Marte
Vinde
meus amigos, amores de outras vidas
E
digam-me de onde consigo tamanha resistência e também
ter o tamanho
medo dos rejeitados.
Filhos
bastardos, abandonados por genitores
Cristalinas
vontades que eu não percebi
Pois
meu olhos se faziam esguios para nada ver.
Era
uma preservação egoísta e tola
Onde
deixei alguns prazeres
Serpentes
calamitosas tentando escrever com suas pequenas patas
E
duvidosas de onde as pousar assim que terminar
As
Flores do Mal
A
Temporada no Inferno
Os
anjos que adornam a noite
As
gárgulas da vigília
Vem
ao meu encontro
E tentam a todo custo, minhas pálpebras pregar
E tentam a todo custo, minhas pálpebras pregar
Como
um Cristo dos sonolentos e dos cansados
E
ah, em gozo com o retorno desse vicio
Volto
de outras formas, com palmilhas esfoladas
Despido
e sem todas as joias
Pobre
e rejuvenescido
De
uma taça de esperança
A
boca aberta para os nacos de qualquer coisa
Engasgam
de luz
Sentam-se
todos surpresos
E
julgam aqui, que esse autor é fraco
Quando
no minimo é tão forte quanto
Um
tolo e contraditório trapo
Metáfora
de Atlas e carruagem de Apolo
Volto
como o filho prodigo a escrever
A
mais consoante nota de uma escala
De
negra alvorada
De
sono de lavanda
E
desejo escarlate
Aceito,
agradeço e entrego-me
Ao
mundo e a meu destino
Mas
não como um veleiro sem comandante
Pois
como eu haveria de ficar em terra,
Quando tenho duas enormes asas
Que
ansiavam para novamente rasgar minhas vestes
E
junto de Ícaro ou Hermes
Caminhar
nas ardentes nuvens
Beijar
o Sol e cozinhar as antes secas e encruadas bocas
Escreverei
sempre e onde eu bem entender
E
por quantas vezes eu desejar voltar
E se assim for possível
E se assim for possível
Criar
um sabor doce nas inconstâncias
E
adocicar o corpo com uma delicia autentica
Que
é apreciar as diferenças
Pois
semelhanças sempre enxergam os míopes
E
aqueles de vistas fracas
A
grandiosidade das diferenças, das incompatibilidades
Quando
percebida e bem reconhecida
Fixa
a vertigem de outrora
E
cria vertigens novas
Inicia
novos mundos
Novos
contatos
Fiz
de um espirito ocioso e inconstante
Das
incongruências de minha alma
Meu
próprio e maior amante
Amo
essa própria vida
E
traquejo diante do lago
Narciso
do cuidado
Por
agora, encerro o relato de meu estado
De
meu sono, de meu céu e do meu inferno
Por
três noites pensei
E
só em uma madrugada expurguei
Já
deito no meu colo
Uma
grande beleza
E por um breve segundo temo o retorno
De
alguma triste realeza
Mas
que seja, se assim eu sou
Digo
como encerram algumas preces
Amém
E assim...
Cumprimento o teu Deus, com o Deus que habita em mim.
Cumprimento o teu Deus, com o Deus que habita em mim.