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domingo, 23 de outubro de 2011

O discurso das sensibilidades


Algumas pessoas nascem, talvez, com uma sensibilidade mais apurada, ou então uma propensão a sentir as oportunidades sensíveis, com maior frequência. São essas pessoas que tornam a vida tão interessante, que nos apaixonam. Nesse caso e talvez em todos os outros, nos apaixonamos por sua arte, por suas palavras, pela poesia que elas fazem, a música que compõem ou escutam. Esses gênios são aqueles que conseguem extrair um fluxo, uma tensão e alguma coisa do óbvio e dos sentimentos que antes nós não havíamos percebido. Esses gênios tocam o coração, a alma, a pele, os nervos, a razão, os sentimentos, a carne, os ossos, os pensamentos, as sinapses, a nossa natureza, aquela divisão que foi chamada de cultura...
Tais homens, tal espécie, tal dominante é capaz das maiores atrocidades, terrores, aflições...
Tais homens, tal espécie, tal dominado é capaz dos maiores sorrisos, poesias, amores...
Os homens, os animais, as plantas, os espíritos, as estrelas, os planetas, as areais, as rochas...

Essa vida não deve ter razão e muito menos sentido. Ela deve ser simplesmente vida, vivida e amada.


" - Razão para que?

- A vida é um desejo, não uma razão."

Essas pessoas sensíveis, talvez passaram por uma labuta terrível, de razão e pensamentos que os levaram ao desespero, mas sentir... Sentir. Poucos passam com essa oportunidade...
Se desejar viver com intensidade, aprender a saborear as tristezas, ter uma dignidade triste e ainda sim sublime, soberba é algo que só os velhos podem ter, eu digo com muito orgulho que desejo, espero e aceito ser o mais velho dos homens. Carregarei a minha velhice prévia como um estandarte e irei deixá-lo bem alto, acima de todos os homens, de todas as tropas, acima das montanhas e se possível furando os céus. Criar uma chance onde todas as outras legiões consigam ver tal bandeira...

Mas não com um ar de querer ser reconhecido, não nasci para ser guia, comandante, ditador, líder, professor, educador, gerente, presidente ou um belo exemplo.
Certos homens - não falo de gêneros, não falo de sexo, não falo de malditos imperativos categóricos - podem notar uma sensibilidade após terem passado por algumas ou muitas agruras dos sem nervuras. Essas pessoas mexem com o que de maior e mais conflitante dentro de nós. Travam guerras incríveis, batalhas épicas onde onde no lugar de sangue, esvaem lágrimas, letras, palavras e textos...

A ciência, a razão, a ganância, a indiferença, a intolerância, o ódio, a resignação, a ordem, o progresso. os prazeres fúteis de um mundo raso mataram e ainda matam a única coisa que é possível de fazer valer as muitas existências, as vidas. Todas essas ideias são criações humanas que no final são extremamente indiferentes para o grande Universo, para a energia que o Sol queima e ainda sim, fazem parte de um grande cosmo, ainda tem um proposito... Bem como são ideias que podem e eu espero que sejam muito bem aproveitadas.
Aniquilamos a sensibilidade, a única chama que pode salvar qualquer coisa, qualquer coisa, qualquer coisa... Ela é o único relato, o único trapo, a única certeza, a ultima existência que pode não salvar, mas tornam qualquer vida mais digna, considerar qualquer existência.
Talvez "não precisamos" calcular o universo, medir a distancia entre as estrelas, entender silogismos alheios, lutar para mostrar quem entende mais ou pendurar certificados e diplomas em paredes.

Lutemos por algo que seja dos bom combatentes, que sobre os oceanos fragatas trafeguem, que os céus sejam cobertos por asas, que o solo seja marcado por marchas, mas lutemos por uma vida mais sensível, uma liberdade sensível, onde notemos que a tristeza e a felicidade ficam lado a lado, coexistem e são assim a forma do viver e amar essa vida. Nos tornamos tão próximos com a internet, com os comunicadores, com a telefonia e nos tornamos mais frios. Acredito que não se trata de novas formas de se comunicar, viver, existir, construir e comunicar devires. Não! Se for isso, parem esse mundo, parem que eu não tenho um minimo desejo de continuar aqui, onde as vidas, as espécies não podem se comunicar e muito menos compartilharem o mesmo planeta, a mesma natureza e a mesma consciência. Nos tornamos irascíveis, coléricos por motivos estúpidos, nos deixamos sofrer, adoecer e enfurecer por preocupações que no fundo não farão (e sabemos que jamais irão fazer) uma diferença epidérmica ou profunda em nossas vidas. Eu não posso mais ficar parado e notar as cores trevosas dos muitos olhares sobre muitas coisas do mundo. Não me importo se tudo é indiferente, mas eu quero acreditar que no fundo, no fundo em algum canto de cara vida, de cada ser humano existem uma vontade de não ser indiferente, de sentir as dores morais. Quero acreditar nisso, quero ter acertado ao entender o significado de que o homem é a imagem e semelhança de Deus. Que os reinos divinos habitam dentro de nossos amores, paixões, emoções e sentimentos. Que nunca seja preciso orar ou implorar por piedade, ser patético diante dos outros e que revolucionemos nossa mente, emoções e sentimentos. As revoluções politicas e sociais falharam pois nunca conseguimos revolucionar a mais difícil das sociedades, a mais complexa das politicas e o mais extenso dos universos... A nós mesmos...

No fundo eu sei que não, mas vou acreditar até a morte, com todas as minhas forças e nem que isso custe a minha vida, que vamos raiar novos dias, vamos ter asas e voar acima das nuvens, além da atmosfera e não ficaremos sem folego, não teremos cansaço e a liberdade será sempre desejada. Será o mundo dos sonhos, dos deuses, um reino único onde ainda haverá dor, mas essa será melhor pensada, haverá sofrimento, mas essa será mais evitada, haverá uma nova forma de existir com o universo, com o planeta, com homens, com os animais, com as plantas...
Pensaremos sensivelmente toda a vida e todos os seres. Tudo o que pode enxergar o Sol, tudo que está dentro e fora de cada um, essa mesma energia que faz o Sol queimar, as galáxias colidirem, as células multiplicarem e os sons propagarem...

Único e nas capacidades do múltiplo...

Poderíamos sumir e abraçar o espaço, o tempo e a tudo. Enfim a serenidade, o silêncio eloquente e o som originário do universo.