Páginas

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um experimento?

     Após sonhos inquietantes, eu acordei. Mas como em uma frustração literária, não me tornei em um gigantesco inseto. Se assim fosse, minhas maiores preocupações seriam em como eu poderia me virar ou me cobrir.
     Acordei com uma ânsia, com uma pequena preocupação e adormeci logo em seguida.
     Quando menos percebo, meus olhos estão abertos e coberto por três mãos estavam naquele sonho, sinuoso pesadelo.
     Me faço desperto incontáveis vezes nessa manhã e cada vez pensamentos e preocupações diferentes me invadem e me extrapolam....
E na última hora, quando sem saber iria despertar pela última vez, deito-me sobre a parte mais rígida do leito e ali tomo por minha cornija de minuto. Deito com a face voltada para a terra e os pensamentos, tão meus, repetem sem cessar:

" É único e desfruta agora de tua rápida meditação. Nesse breve instante o universo é somente teu, solitária criatura que espalhou prodígios verbais e que hoje são usados de forma que inclusive amortece seu próprio corpo.
Esvazie tua mente, nada de pensamentos, sinta o vazio esvaziar, ser vazio nutritivo e logo em seguida lembrar que as possibilidades de vida são tantas, as porções de coisas a serem feitas, o quanto tu és melhor que agora e nem por isso cria expectativas. Em minha mente existe uma decisão? 
Sei que sonhei com proximidade o sonho de alguém, não seria a primeira vez que isso acontece."

     Falava a mim mesmo, como seu eu estivesse de fora olhando-me deitado na cama. Como um espirito que conversa com alguém, uma criança que lamenta sobre o corpo do pai ou um amante que fica conversando com sua amada ainda enquanto estão deitados na cama, seja antes ou depois de explodirem em prazer. Sendo que o prazer não precisa ser necessariamente o do sexo.

     Olho o relógio e são quase meio dia. Lembro que em algum lugar talvez seja meia noite. Penso um pouco sobre o que podem ser as horas.
Levanto e me permito tomar uma caneca de café bem forte e que deixa em brasas todo o trajeto que a bebida realiza. O calor desse liquido me leva a pensar que, no fundo, as coisas continuaram as mesmas. Talvez nunca tenham mudado. Escrevo um pouco e olho pela janela. Olho alguns livros e fico notando o reflexo das letras douradas que estão localizadas em suas lombadas e que ficam refletindo de forma indiferente ao meu movimento na cadeira. Movimento esse que serve para deslocar a claridade por sobre as letras.

     Recordo sem mais nem menos, de uma certa noite, onde vestiram-se de algo que me aquecia.

     Faço perguntas que eu já sei as repostas, mas preciso ouvir. Sou assim, cronicamente questionador. Cavando até o fundo da minha curiosidade. Alimento-me e depois, durante o banho, fico repetindo em alhures o que eu queria escrever aqui. Penteio rapidamente meus cabelos e volto ansioso. Sento e começo a escrever. O que eu não esperava é que por fim eu tomasse uma forma simplória de expressionismo e levemente autobiográfica.
     Continuo ansioso e meu receio é de que eu continue assim por algum período, como aquelas pedras na areia da praia, cujo a força do oceano não consegue move-las, ao menos que elas queiram. E eu posso. Eu sei. Como sei que você também pode. Já que você chegou até aqui, algo em você já decidiu, falta somente a tua decisão ser total para que seja criatura unica e completa, pois assim poderemos ser criadores de arabescos com as ligações que as estrelas fazem no céu e também tornarmo-nos pequenos escritores de alguns minutos espalhando palavras no mundo.