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quarta-feira, 7 de setembro de 2011


Elena
         Sabe... eu vou confessar uma coisa... Sou muito dura, muito insensível... Eu não consigo gostar das pessoas infelizes... O senhor entende, existem pessoas que se sentem infelizes sempre: ponha sobre a cabeça dessas pessoas o Sol em vez do chapéu, enfim, a coisa mais deslumbrante do mundo... e elas continuarão a se queixar: "Ah, como eu sou desgraçado, como eu vivo só, ninguém me dá atenção, a vida é triste, angustiante, entediada, começa e recomeça..." Quando eu vejo esse tipo de gente, eu sinto uma vontade má de faze-las mais desgraçadas ainda!...

Teteriev
            Minha cara senhora, agora é minha vez de confessar: não suporto ouvir mulher filosofando, mas quando a senhora filosofa, eu sinto vontade de beijar suas mãos...

Elena (maliciosa)
             Só quando eu filosofo?... (Percebendo) E eu brincando enquanto lá dentro está uma pessoa sofrendo...


Pequenos Burgueses - Máximo Gorki

            Eu não queria sentir tuas dores, ser tão intimo da tua nervura... Eu queria ter uma força cativa. Eu não interpreto um cadáver egoísta, eu não um drama protagonizado por santos ou um robô criado para ser preenchido por entranhas. Tenho para quem chorar, sei de quem pode chorar por mim e convulsivamente, sou teu cúmplice aflito e envolvido por rebuscada (?) tormenta. Não lembro mais do que você me disse, mas eu lembro e por um curto prazo eu tive a certeza de desejar ser frio e ao derreter, pelo calor do mundo, evaporar e voltar ao iceberg, aos pontos mais gelados desse universo. Não haveriam de notar minha falta. Diante de mim, hoje, notei que marcham tropas inteiras, passam ao longe galeões de madeira nobre cujas velas desfraldadas possuem uma figura esférica que detona direção. Parto ou fico? Deixo algumas poucas noites escritas com todos vocês? Continuo por essa viela lúgubre e sufocante ou me permito respirar o hálito fresco de novos lugares? Tantos tons desafinados de despedida e impactos que encerraram algo que não havia começado e que iniciam um pranto que nunca havia terminado.

Deixo o meu silêncio, jamais a minha ausência, por mais que eu tenha que sair as pressas...