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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Poema matinal

Na tua ausência faço desejos terríveis
Aqueles que você não deseja que eu faça
E muito menos eu
Mas como dominarei essa saudade?

Verdugo, algoz de todo meu corpo
Flagelo-me com chicotes que podem ser doces
Um tormento cotidiano
E onde os flertes com a solidão por vezes não bastam

Algemado e revolvido
Onde marcham milhões de tropas
Como um oceano que invade os mais belos campos
E quando volta a antes carrega tudo que lhe for possível

Desperta dentro de mim o Leviatã
O mais feroz e libidinoso dos tiranos
Um egoísta prazeroso
E com uma vontade insaciavelmente faminta

Fico apavorado por tua sedução
Pilha minhas palavras
Faz delas fogueira nesse frio
E labuta um beijo recheado de toques quentes

Se a meu peito rasgo de saudade
Ou se meu coração se faz diminuto
Se meu peito fica dilatado
Imagino que rasga também do teu seio

Um fraco fausto que faz falso pacto
Com desejo de insuflar as letras
Explodir e dinamitar as sentimentalidades
Em uma relação prometeica

Guardo a ti várias surpresas
Instintos que para a volúpia não bastarão
E os equilibristas e contorcionistas dentro de nós
Não saberão o que fazer

Irão dançar na beira do abismo
Em um barbante frágil
Daquele já dito amor
delicado e discreto, certo e claro, em laços atados e desatados

Organize tuas palavras e teu tempo
Para que assim eu sempre esgote teu fôlego e tuas energias
E consuma feito hulha tuas ansiedades e euforias
Permita-me invadir a ti, adentrar no palco de tua vida como aquele arlequim

Cria-me como criatura insone
Desperta sempre nos mesmo horários
E fita-me com teus olhos esmeralda
E dominarei a ti como um rei domina a mais feroz das rainhas

Não veja as horas
Sinta a mim e sinto a você
Respiração ofegante após uma tormenta oceânica e assim
Devora minha carne e feitiço faça com meu coração

Onde sonhar se faz chorar
Amor se torna ira
Luxuria se reveste de calmaria
Amo a mim como amo a ti
Pois sei que ama a mim também