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sábado, 7 de maio de 2011

O pedido daquele sujeito tornava a mente daquele homem ainda mais confusa. Sua vontade era a de entregar uma moeda e não se preocupar com o que aquele colega iria fazer com a mesma. Seu egoísmo falava mais alto e entre palavras mal escolhidas em uma tentativa frustrada de parecer amigável desferiu golpes dolorosos. Mil lâminas afiadas que ardiam mais que o vento noturno. O pedinte passou a olhar cabisbaixo em um olhar sinceramente triste ou um olhar que só poderia ter sido criado pelo melhor ator do mundo em um principio de primeiro ato. Nosso primeiro homem voltou a caminhar enquanto mexia em seus bolsos em uma mistura de duvida e culpa. Tateava duas moedas. Tirou a menor delas e olhou seu brilho sob a luz do poste, em uma esquina onde rugiam ventos de norte e oeste. Aquela era a moeda mais linda que já havia visto. Parecia ter sido cunhada pelas mãos do próprio Hefesto em ouro puro, mas era gelada, não ardia com o calor e nem tinha resquicios de lava vulcanica. Aquela moeda parecia pesar uma tonelada, peso esse que era somado pelo peso da culpa sentida nos ombros desse primeiro homem. Era como se toda a culpa do mundo fosse um fardo em suas costas naquele momento, e com isso deu meia volta. Olhou ao colega que pediu uma moeda, fez um comentario idiota e a entregou aquela peça de tão grande valor e tão pequena forma. O fardo em seu corpo duplicava. Aquela moeda era um extrator de peso. O pedinte não olhara em seus olhos o que o deixou mais infeliz, sendo assim deu meia volta e continuou sua caminhada. Esse caminhante tinha dentro dele um desejo de escrever tudo isso e compartilhar com seus leitores. Em sua cabeça havia um pensamento de culpa, ali também há pensamentos de paixão por ela, em relação ao frio que sentia naquele momento e de uma vontade homérica em expor tudo aquilo que existe dentro dele. Algumas palavras ainda o engasgam e o jogam no balbucio, mas se tudo correr de forma serena logo serão palavras ditas e serão sempre recriadas. Logo irei dize-las.

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