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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Em Darkover - Página 196

Não lhes tenciono qualquer mal, Romilly acrescentou ao apelo suave ao do menino, procurem em outra parte por seu alimento.

E por um momento, no enorme fluxo de consciência em que ela, o cavalo que montava, o corpo macio da criança em seus braços e o pássaro-espirito com sua fome desvairada e em busca de calor eram uma só coisa, uma onda transcendental de alegria envolveu-a; os raios vermelhos do sol nascente encheram-na de calor e uma felicidade indescritível, o calor de Caryl contra seu peito era um fluxo de ternura e amor; e por um instante perigoso ela pensou, mesmo que o pássaro-espirito me tome como sua presa, ficarei ainda mais unida com sua maravilhosa força vital. Mas também quero viver e me regojizar com a luz do sol. Romilly jamais conhecera tanta felicidade. Sabia que havia lágrimas em seu rosto, mas não importava, era parte de tudo que vivia e respirava, parte do sol e das rochas, até mesmo o frio da geleira era de certa forma maravilhoso, porque aguçava sua percepção do calor do sol nascente.

Pag. 196

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Critica dos animais

224 – Critica dos animais – Temo que os animais considerem o homem como um semelhante que se privou da razão sadia, como um animal no delírio, que ri e que chora, um animal infeliz.

Nietzsche - A Gaia Ciência.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Le Voyageur - O Andarilho



Gilles Deleuze junto com a banda Heldon cita Nietzsche:

O andarilho
Quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir mais que um andarilho sobre a Terra e não um viajante que se dirige a uma meta final: pois esta não existe. Mas ele observará e terá olhos abertos para tudo quanto realmente sucede no mundo; por isso não pode atrelar o coração com muita firmeza a nada em particular; nele deve existir algo de errante, que tenha alegria na mudança e na passagem.

Sem dúvida esse homem conhecerá noites ruins, em que estará cansado e encontrará fechado o portão da cidade que lhe deveria oferecer repouso; além disso, talvez o deserto, como no Oriente, chegue até o portão, animais de rapina uivem ao longe e também perto, um vento forte se levante, bandidos lhe roubem os animais de carga.

Sentirá então cair a noite terrível, como um segundo deserto sobre o deserto, e o seu coração se cansará de andar. Quando surgir então para ele o sol matinal, ardente como uma divindade da ira, quando para ele se abrir a cidade, verá talvez, nos rostos que nela vivem, ainda mais deserto, sujeira, ilusão, insegurança do que no outro lado do portão e o dia será quase pior do que a noite.

Isso bem pode acontecer ao andarilho; mas depois virão, como recompensa, as venturosas manhãs de outras paragens e outros dias, quando já no alvorecer verá, na neblina dos montes, os bandos de musas passarem dançando ao seu lado, quando mais tarde, no equilíbrio de sua alma matutina, em quieto passeio entre as árvores, das copas e das folhagens lhe cairão somente coisas boas e claras, presentes daqueles espíritos livres que estão em casa na montanha, na floresta, na solidão, e que, como ele, em sua maneira ora feliz ora meditativa, são andarilhos e filósofos.
Nascidos dos mistérios da alvorada, eles ponderam como é possível que o dia, entre o décimo e o décimo segundo toque do sino, tenha um semblante assim puro, assim tão luminoso, tão sereno-transfigurado: - eles buscam a filosofia da manhã

sábado, 19 de junho de 2010

Uma sincera pobreza

Perseguia aquele ser
Não sabia onde estava
Nem ao menos o podia ver.
O medo em seu corpo pulsava

Com pequenas chamas
E passos lentos
Deitados em camas
Mantinham-se atentos

Encontrava um demônio
De caçador virou caça
Sendo assim suponho
Morou sempre em sua casa

Correu desesperado
Portas de vidro
Paredes brancas lado a lado
O caminho anterior havia sumido

Sabia que dormia
E ainda não queria despertar
Já cansado corria
A espinha gelada a atormentar

Não faz sentido
Contar um pesadelo
Asas haviam crescido
Não havia como detê-lo

Saltou do arranha-céu
As costas rasgavam
Como um fino véu
Grandes asas brotavam

Iria abraçar o pó
Sentiu o Sol que o aquecia
O mesmo que o queimava sem pena
O Sol como divindade de ira

Não sabia a quem escrevia
Nem mesmo o que sentia
Se alguém o lia, mas sabia
Conjugava verbos errados sempre que podia

Crer na dor?
Talvez
No amor?
Talvez

O que faltava era um tempero
Um sabor
Um equilíbrio para ser inteiro!?
Já sentia o calor.

Quero crer
Não é a dor
Que move um ser
Mas o amor

Seja lá o que for amado
Bem, mal, certo ou errado
No fundo, todos temos isso !?
Aqui, preso e trancafiado

sábado, 12 de junho de 2010

Texto que gostaria de não ter escrito e nem postado

Provar o nada a ninguém
Dizer não ou sim
Importa à alguém?
Se é bom ou ruim?

Medo de estragar
ou simplesmente falar?
Nada ainda, mas...
Arrisque-se a andar

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Texto que eu gostaria de ter escrito

Germes da Perfeição

Dilacerar, eviscerar e perfurar e mutilar.
Nós todos caímos, todos caímos.
Desaprovar, repudiar, aperfeiçoar e julgar.
a sabedoria encontrada, sabedoria encontrada.

Corte as asas do progresso, reverta a direção,
enriqueça o solo inculto com germes da perfeição.

Delegar, investigar, facilitar e evitar.
O preto se torna verde, preto se torna verde.
Separar, avaliar e cultivar e propagar.
O sonho do mestre, sonho do mestre.

Cante os temores da história com uma inflexão renovada,
veja a agenda perdida com a intenção de um cético.

Máquina da vida, oh podemos fazê-la funcionar?
Nós temos as ferramentas, mas apenas começamos.
Máquina da vida, oh podemos fazê-la funcionar?
Os cálculos para uma maior importância.

Corte as asas do progresso, reverta a direção,
enriqueça o solo inculto com germes da perfeição.
Perfeição!

Germs of Perfection - Bad Religion

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Onde vivem

O introspectivo em silêncio
Só escuta e nada fala
Cada palavra dita em melancolia
De tão devagar atinge o nada

Seus urros sonolentos
No escuro do banheiro
Lágrimas de tormentos
Estremecia por inteiro

Amar e (n)(?) ser amado
Mordem os dedos
No olho marejado
Frágil em expor os medos

A fria parede
Que a febre esfria
Não chorou muito
Mas expirou a dor que sentia

Habitavam florestas
Penhascos e desertos
Fossas e quentes testas
Mas mantinham corações abertos

Viviam a anos
Orgulho, teimosia
Morte, fragilidade
Ciumes e possessão

Com seus próprios pés
Embaixo da cama
Dentro do guarda roupa
Monstros cujo sangue derrama

Infantil, obsceno
Esconde-se na sombra
Fruto de tanto medo
E um vigilante que o ronda

Vejo faz tempo
Internos e desalmados
Vejam vocês agora
Estes monstros malfadados