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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Prece para um poeta


 Fui para a guerra, coroado com cicatrizes, machucados, cortes, ferimentos sufocados, o sangue marcava os curativos. É um cão, animal dividido, cortado e com os nervos a mostra. Sofre e cospe tudo que tem de impuro. Não está salvo, o interior é sujo e retorcido. Agora te deita e adormece rodeado das papoulas e reina com o teu próprio sono.

Se me lembro bem, as cápsulas são de veneno, carregam pequenos infernos, doses em oitavas e que regem o coro das reações. Cozinham-me o corpo, os órgãos e marcam o sabor, tatuam na língua um gosto áspero, amargo e que parece ser o trilhar da cura, o préstito para as minhas contaminações.

Assim, me recordo de um sujeito, e como estupefatam suas palavras, folego custoso e que descanso meus olhos, levanto o cenho, admirado e com fundos de inveja. Com os teus 21 anos foi um maior, vencedor e com um triunfo perdido. Foi idolatra dos que havia de desdenhar, foi um baluarte, carregava a bandeira da vil tropa que caminha sobre a Terra. Infante da língua, fez terríveis, sofríveis e maravilhosas experimentações. Fez alquimias, troça e desconcerto com as filosofias, que no Ocidente são desagradáveis e tocantes no Oriente. O que fazem da mente os homens?

Pois bebi das tuas palavras, do teu cerne, absorvi o sangue das entranhas, Roubei teus estilos mas ainda tento compreender as vidas, as criatividades e uma morte prematura, pois foi embora, pequeno, pérfido e ardiloso Rimbaud. O Arthur, maior do que um rei, maior que os reis.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

E se o chão fosse também um teto!?
E porque só nomear as cores,
Com as 26 letras do alfabeto?


E quanto aos sentidos,
De oh, tão completos,
Ainda não dizem
De tudo?

Esse tal de tudo
É tanta coisa!?

Qual o sabor da cor?
E o odor da dor?
Que gosto tem o vermelho?
E qual sabor tem o amarelo?

sábado, 28 de janeiro de 2012

Culatra


Não que alça pinças
Como se fossem asas infames
Esmague o crânio e faça grão e cinza
Das contas do teu rosário
Ore por dores de cabeça, aflições
Para sofrer no cotidiano do calvário

Vinga com estrépido silencioso
E honra os antepassados com sonoras letras
O dia já pede adeus e a noite abraça
Junto a um manto negro
Sequioso pelas manhãs
E pelos amanhãs, estas,
Doces ilusões de abrangência estúpida
Mas que mantém a espinha ereta
Atrevido digo que todos nascemos no palco
de uma Vaudeville belamente decrepita

Qual o sentido de tanto amor com o oceano?
Temor de ter a ele como inimigo?
Sem falta, é na menor oportunidade
Que ele engole quando diz seu amigo
E todos os barcos, imponentes caravelas
Com minusculos marinheiros
Arriscam-se no mar, como a luz da vela
Bruxuleante sob o luar
Pois enquanto queima, a pergunta que faz
Vai desde saber a força da luz que tem sob a Lua,
Ou da fraqueza que demonstra por resistir aos ventos
Fortes e que não se detêm dentro da rua

Tragam um lenço,
Ou injetem morfina
Anestésico de meu abdômen
Tudo que escrevo
Do rastilho de pólvora
A trilha de pó
é onde vomitar dores
Embarco sobre o Lete
E tomo das águas
Esquecido, reencarno
Vazio, entendiado
Derretido sobre a culatra

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Colon

E se eu gestasse
Nas entranhas
Nas vísceras
O filho de um demônio

Nascido em minha defesa
Muralha orgânica
Como um escudo cravado de heráldica

Invade um castelo sem rochas
Azedo pela carne
Sob a ponte e dentro do fosso
Afogam-se leviatãs
Mas sufocam ante o préstito
Os mais terríveis e temíveis monstros

Nas face de cada
As sinfonias das tristezas, solitários
Monstruosidades
Flagelam-se e desfiguram a própria cara
Buscam rebelar-se do incomodo bastardo
Filho por momentos desgraçado

Ouça e sintam as erupções
A lava de intensidade que escorre
Arde, queima e lacera os ouvidos
Notas compostas de uma extrema e
Irreversível tensão

De um zero apareceu
De um zero sempre há de aparecer
De um zero tem de sempre iniciar
Tal arte, artista
Transubstancia um coração
E a alma
E assim faz música
Poesia, conto
Do espirito uma reverberação
Grossa, odiosa
Mas sempre graciosa
De uma livida expressão

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

No fundo, toda bosta ja foi uma comida gostosa...


Texto feito em conjunto com a Juliana Baerhttp://www.facebook.com/juhbaer 


Para contextualizar, isso tudo foi escrito em um mural do facebook, onde fomos compartilhando várias ideias e historias comuns a ambos.


Na pequena mesa de um bar...


É uma lógica muito boa e faz bastante sentido. Mas para você ver como a gente que fode. Culpa da digestão que nosso organismo faz hahaha
E você tá muito bukowski ou esses autores lixo que viviam podres no meio fio ou fodidos na calada da noite bebendo uma dose forte de qualquer coisa, maços e mais maços de cigarro e uma caneta escrota sobre um papel molhado pela bebida onde você tenta esconder as maiores perspicácias da mente.

Me sentindo como se fosse uma poeta da segunda geração do romantismo... "Mal do século, boemia e cheia de vícios" vou começar escrever nos guardanapos engordurados, enquanto ainda bebada retiro os fiapos de frango do meu dente... boca podre, fedendo a cigarro, cachaça, risóles nada fresco do bar... paro, reflito um pouco, e peço um aperitivo de ovos de codorna, e continuo a observar, desejar e escrever... vou fazer isso sexta feira... motor breath, aguarde a minha decadência.

Posso aparecer lá então!? Quero ver isso em uma banqueta ao seu lado, com total sobriedade. Os olhos da curiosidade repousam sobre a personificação da decadência. A criatividade ebulindo com os teus sentimentos de ruína.
Eu negaria os pedaços de frango, mas aprecio umas doses de bebida enquanto reclamo do cheiro forte de cigarro que fica impregnado por entre os dedos e na malha barata da camiseta.

O atendente com um olhar não muito amigável serve mais uma dose de bebida naquele copo enquanto a boca da garrafa começa a ficar mergulhada e refratada dentro da textura grossa daquela dose forte que não sabemos se é vodca, cachaça ou o mais puro álcool.
Não importa, cada gole, cada dose e cada palavra são formas de suportar algo muito maior, mais forte e mais pesado do que as presenças no bar ou a ressaca de um dia seguinte.
E, quando voce sentar do meu lado, vou fazer questao que beba... e fique tao bebado quanto eu pra que desenvolvamos a sintonia da alegria forçada... começaremos a rir alto, falar alto e chamar atençao de todos que estiverem dentro daquele lugar... lamberei meus dedos, acenderei um cigarro, escreverei o começo e compartilharei com voce aquele papel imundo, com palavras imundas... Será a sua vez de escrever, o que lhe vier a mente... raivas, ódios, medos, alegrias, surpresas, até obviedades... e quando toda a criatividade se esgotar, ou se alguem interromper e interferir na nossa jogatina poética, lançaremos aquele papel no lixo, e voltaremos a conversar sobre as futilidades da vida, essas que a gente perde parte da vida correndo atras, se humilhando e sendo escravo... Te oferecerei um cigarro, e mesmo voce reclamando do cheiro insuportavel que fica entre os dedos, e da falta de ar que esse veneno te causa, voce vai aceitar... Observaremos a fumaça e os monstros que ela forma, provavelmente será tarde, te darei um longo abraço, e pegarei carona com um desconhecido.

Enquanto eu tomo o primeiro gole e você começa a chamar a atenção, eu acabo por te repreender, meio puto, gosto da discrição e sob a desculpa de ser teu amigo ambos não ficamos chateados com isso. A alegria não parece mais forçada depois de muito álcool.
Por causa de onde estou não conseguirei pensar muito e as únicas anotações que farei no papel serão sobre o local, alguma lembrança, um desgosto e uma raiva retida em torno do meu pai. Após você jogar o papel fora, eu, em segredo vou apanhar ele de novo, com um certo desdém pois ele já está recoberto de cinzas de cigarro, gordura e um pouco do pó que havia no chão. Você olhará para o relógio e dirá que está na hora de partir. Um pouco tomado pelo sono e da bebida eu concordo. Depois de um abraço seu, você pega carona com um desconhecido. Antes de você sair eu te falo para da próxima vez procurarmos um local com mais classe. Uma espelunca com classe. Você vai retrucar dizendo que espeluncas não precisam de classe, eu provavelmente diga que elas tem, mas a gente não nota. Você discorda novamente e ficamos por isso mesmo, a discussão não tem fundamento e levaria a lugar nenhum. Te peço mais um cigarro para acompanhar a volta para casa. Enquanto fumo ele e caminho por entre as acidentadas calçadas e nas pequenas poças que se formaram entre as pedras quebradas e o concreto sujo.Chafurdei nas minhas próprias ideias e notei que elas se tornaram meu maior vicio. As ideias e as palavras me são viciantes. Volto a mim e me dou conta da preocupação em torno da carona que você pegou, mas você é bem grandinha e supostamente deve saber o que faz.Durante o trecho até minha casa vejo algumas putas nas esquina fumando uma pedra de crack, já é fim de noite e a clientela já deve estar em casa para voltar a mais um dia de trabalho, em seus escritórios, cuidado de algum filho, vendendo algum titulo, arquitetando algum projeto. Passo apressado perto delas e evito a troca de olhares. Apalpo os bolsos em busca dos meus pertences; celular, carteira e chaves. Tudo aqui. Tiro as chave e brinco um pouco com elas e com o chaveiro, faço do último um anel no dedo indicador e fico girando-o como se eu tivesse grandes habilidades e me sinto o máximo por isso.

Sempre soube que você adora estar escondido entre a multidão, e que chamar atenção nao faz o seu tipo... Mas há certos momentos na vida de uma mulher, que ela precisa disso... Ser vista e desejada... Ainda mais quando os anos vão passando e seu corpo está com a gordura acumulada de todos os anos, desde que nasceu... Principalmente quando surge aquelas princesinhas mais bonitas que você ja foi um dia... Se chama atenção pelo riso, pelo olhar, pela inteligencia, até mesmo por gargalhadas forçadas... No fundo, sei que faz parte do seu ciuminho 'paternal', dou uma risada interna aprovando a sua repreendida, abaixo o volume da minha vitrola... Observando sempre, aquele rapaz do canto direito, bebendo sua cerveja e esperando a próxima vítima... Nada sei, a respeito do seu pai, você é tao timido e guarda tantos segredos... Não que voce queira fazer o tipo misterioso, mas eu sinto a sua dor, de alguma forma... Eu nao forço, mas começo a imaginar os seus traumas... Imaginar você pequeno, aprendendo a falar, subindo na árvore, a sua primeira descoberta feminina, escondidos em algum comodo da casa de algum parente, provavelmente com alguma prima... Ah, infância... como passamos situações tão semelhantes... paro, e lembro me da minha... Quantos homens já chamei de pai... Paro, e sei que devo parar de pensar sobre isso... Mesmo sabendo que isso é irrelevante na minha vida de hoje, eu sei que o inconsciente não perdoa... Contos de família em uma pocilga de bar?! Tenha dó... Quando percebo, bendita visão periférica, o rapaz que citei, estava me olhando... retribuo o olhar e sem querer faço um sorriso de cachorra... Definitivamente nao sei só trocar olhares... o sorriso cretino é intrínseco nas minhas paqueradas... Me dou conta que ele gostou, observo em cima do balcão... Uma chave e um capacete... Possibilidade de conseguir carona... me animo e tomo mais um gole daquela dose nervosa... olho pra você, e você ainda esta escrevendo... Nao escreveu muito, até porque tudo isso aconteceu em menos de um minuto...
Como o previsto, o rapaz nao se aguenta.

Sou uma das únicas mulheres solteiras e disponíveis no bar, pergunta meu nome, e começamos a conversar... aquele papo bem ridículo, mesclado com a timidez, vergonha e tudo que repreende a nossa fera interior... você já está sacudo, começa a me olhar torto, tento te incluir de todas as formas na nossa conversa... Voce nao aceita, porque nao é burro... Não tem mais idade pra perder tempo com esses papos sem sentido, e completamente desnecessários... voce e eu sabemos qual é o objetivo dele... Conversar e escrever poesia certamente que nao é... Peço licença pro rapaz, ambos olhamos o relógio... te dou o cigarro e um abraço... você segue apé... e eu ganhei uma carona de um completo desconhecido... Fico pensando na loucura que pode parecer... sorrio, e fico feliz por ser louca... Fico feliz por nao ter medo, e confiar nas pessoas intuitivamente... Ele me convida pra ir ao motel, eu já estou muito bebada, e mando me deixar em casa. Quando me dou conta, eu estou em casa, e com ele... Dou alguns beijos pra valer a noite, e, quando sinto que os hormonios começam a esquentar viro pro canto e durmo... Sou egoista e louca... E adoro.

Uma unica coisa, me arrependo da noite, você foi com a intenção de ficar sóbrio e observar a minha decadência... Infelizmente ela tomou conta de voce também... nao sei se é a energia do ambiente, ou se no fundo você também estava precisando disso... pego o telefone pra re ligar, mas tenho certeza que você ainda está dormindo... Nao quero te incomodar... O equilíbrio é algo tão ingrato... voce pode morrer com suas fórmulas de reforma intima, seus segredos de como manter-se lúcido, tomar seus chás de camomila e todos os anti depressivos que você consiga receita... mas quando a vida resolve te derrubar, amigo... prepare-se ou aproveite... percebo que o rapaz foi embora... Nem pude agradecer a carona... 

sábado, 31 de dezembro de 2011


 Ele chegou em casa com a cara toda arrebentada, estropiado mesmo. Deu sorte de ainda estar com os dentes na boca. Mas a sua face, desfigurada, retorcida e com poucas feições, não por culpa da surra, mas por estar mais apático do que o seu normal. De uma pintura de Rembrandt, seu rosto agora parecia o melhor dentre os rascunhos. E não que o nosso camarada fosse dos mais bonitos, mas é interessante para dar o tom dramático.

- Meu filho, o que houve com você? Já cansei te de dizer para não se meter com esse pessoal lá da praça. São piores que essa marginália que vive no sopé do prédio
- Puta que o pariu. Não me enche, pois se você soubesse o que é o sopé. Não sairia falando por ai o que não se é. Além do mais, de quem é a face? Em quem dói?

Empurrou a velha logo em seguida, como quem espanta a mosca em frente dos olhos. Não que a mulher fosse santa, mas ali, também não era a porca e nem a culpada. Sendo o de sempre, mãe preocupada. Era assim, apanha-se na rua e descontava em casa. Se não conseguia bater em alguém que lhe tirava as cores da cara, era na mãe ou na namorada que vestia-se de macheza e virava um bruto que supostamente amava. A senhora chorando na sala, os prantos rugiam por toda a casa e nosso amigo nem de longe se importava. Bem filho da puta, mas quem nunca foi ou não é?Ouvia os choros e de nada ligava. Tomou em mãos o celular e ligou para aquela moça, toda jeitosa, no alto dos seus 20 anos e que fazia programa como ninguém. Ambos já se conheciam de outras aventuranças, um sabia dos problemas do outro e dessa vez ela atendeu soluçando.

- Hoje não dá. Não é tão simples assim. Cansada, confusa e indignada. Sabe o que é um cara bater em você!?

- Aham. Quer conversar?

- Tá!

Só desligado. Até acharam que iriam conversar por telefone.

Ao menos, depois da conversa, rolava uma trepada, quem sabe de graça, isso, sem pagar nada. Serei um bom ouvinte. Juro, mas a tensão é complicada, não penso só no bom ouvinte. Ah, quer saber? Foda-se. Isso, pro caralho. Levantou-se e foi lavar o rosto, a face ardia como meter a mão em brasa, aqueles cortes ardiam, mas já secavam. Pensando bem, nem fora tudo tão grave, não dá para saber se era só o camarada fazendo tipo ou o autor preocupado...
Bonitinha, sim, ela chegou. Mas normal, nada de mais. Tava meio frio, calça jeans e tênis. Blusinha de lã marrom. Bateu na porta e a mulher antedeu, deu oi pra mãe dele e entrou.
Conversa vai, conversa vem. O sujeito até pensou em terminar com a namorada. Pois é. Se aproxima e dá um beijo na boca, morno e úmido. A língua se faz em mlhares de torçoes. Sabe como é, uma mão na perna, ai ela escorrega devagar entre as coxas.

- Nossa, e eu aqui, com essa calcinha feia.

Pensou naquele instante que isso faz parte pro momento ser excitante, mas logo disparou:

-   E você acha que eu transo preocupado com calcinha?

Ela se riu. O programa para ela, também seria de graça.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A (não) sacanagem que possui compostura.


     Dá meia noite, uma hora, duas horas da manhã e o sino invisível toca. Badaladas surdas que anunciam a passagem da noite. De um sono que eu busco vencer, de forma lascívia, vencer. Ou será que eu simplesmente perdi para uma luxúria romanticamente sacana?

                                        Dóm! Dóm! Dóm!

     Sempre achei esse lance de onomatopeia legal, cafona, mas legal. O que me incomoda é que parece que mata com a criatividade do leitor. Cada um escuta o sino que bem entende. Mas enfim. Noite a dentro e noite afora, o que une é um hálito voluptuoso, de cio mesmo. Seis dias por semana, um dia a menos porque é preciso recuperar as energias ou pelo menos   resguardar algo? Ah, foda-se. Sabe como é, dá-se uma relaxada, ao banheiro, termina-se o serviço e volta a cama. As vezes dolorido, é ansiedade e vontade demais, todo dia, não passa, é só ver um belo par de peitos que tudo começa de novo. É só de escrever que a vontade volta.

     O Goethe em alguma zona de Berlim, o Rilke visitando um bordel em Paris, Bukowski declamando poesia romântica e depois um belo gole de bebida barata com uma puta vontade de sair brigando com o Hemingway (mesmo sem conhecer direito o dito cujo), falar de muita sacanagem com a Simone Beauvoir e especular a Clarice Lispector para saber se a Macabéa gostava ou não gostava daquele quartinho sujo dela. Aquele cantinho lingueta. Pedindo por isso.

     Implorando baixinho, dizendo coisas boas, elogios, libidinosidades e grandes vontades que o receio de não querer mostrar o que se é, simplesmente escondem e são uma propulsão. 

     Assim, só de piração, viagem momentânea, por um triz.
     É que enquanto tomava um banho, entrava por aquela porta de calça justa, peitos em pé e cara marcada pelo tempo e por culpa do Sol :

- Ops, não vi que ai você estava!
- Não tem problema.

     É como o inferno Dantesco, só que de águas gélidas, demônios que foram transladados para a escrita e tem um caráter pérfido, malditos desleais que confundem a suposta nobreza que deveria ser carregada a escrita. Um perfume forte, marcante como uma decepção ou como uma bela passada de língua. Mas não moralize, não pasteurize. Se for para começar a contar, que seja com tudo. Abro uma cerveja e penso em um maço de cigarro. Abriria as pétalas do sexo de forma lenta, as mãos, a boca, a língua. Salivando como um ser bruto, animalesco :

"Oh vós que se propõe, abandonais toda a humanidade."

Dessa pieguice, trecho bem barato é que se faz um pequeno, um naco de relato.