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sábado, 28 de janeiro de 2012

Culatra


Não que alça pinças
Como se fossem asas infames
Esmague o crânio e faça grão e cinza
Das contas do teu rosário
Ore por dores de cabeça, aflições
Para sofrer no cotidiano do calvário

Vinga com estrépido silencioso
E honra os antepassados com sonoras letras
O dia já pede adeus e a noite abraça
Junto a um manto negro
Sequioso pelas manhãs
E pelos amanhãs, estas,
Doces ilusões de abrangência estúpida
Mas que mantém a espinha ereta
Atrevido digo que todos nascemos no palco
de uma Vaudeville belamente decrepita

Qual o sentido de tanto amor com o oceano?
Temor de ter a ele como inimigo?
Sem falta, é na menor oportunidade
Que ele engole quando diz seu amigo
E todos os barcos, imponentes caravelas
Com minusculos marinheiros
Arriscam-se no mar, como a luz da vela
Bruxuleante sob o luar
Pois enquanto queima, a pergunta que faz
Vai desde saber a força da luz que tem sob a Lua,
Ou da fraqueza que demonstra por resistir aos ventos
Fortes e que não se detêm dentro da rua

Tragam um lenço,
Ou injetem morfina
Anestésico de meu abdômen
Tudo que escrevo
Do rastilho de pólvora
A trilha de pó
é onde vomitar dores
Embarco sobre o Lete
E tomo das águas
Esquecido, reencarno
Vazio, entendiado
Derretido sobre a culatra

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