Alguns minutos atrás, enquanto eu estava saindo do bloco B da UEPG um homem estava diante da porta falando alto, dizendo que os vícios do céu estavam agora na Terra, que era vegetariano a mais de 40 anos...
Em meio a felicidade que senti ao ouvir ele contar isso, acabei agindo como um bom cidadão e da forma mais comum possível e ignorei o homem.
Engraçado que durante todo o caminho de volta, em uma mistura de culpa e orgulho, na minha cabeça uma frase soava como o som pesado de um sino que dobra para anunciar as horas:
"A honestidade de mendigar, me aflige."
Rimbaud
Senti o dessabor da liberdade. Notei novamente (ou viajei esquizo?) o quanto escravo sou, enquanto liberto. Não tive os tostões da coragem para falar com aquele homem. Não consegui entende-lo. Fiquei exasperado.
"A honestidade de mendigar, me aflige."
"A honradez da da mendicidade exaspera-me"
"L'honnêteté de la mendicité me navre."
E como no poema de Hans Magnus Enzenberge, Hotel Fraternité:
"Meu inimigo
Debruçado sobre o balcão
Na cama em cima do armário
No chão por toda parte
Agachado
Olhos fixos em mim
Meu irmão"
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