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domingo, 14 de agosto de 2011

Raiva escarlate diante do pai

Entregue-me suas cinzas
Também seu crânio e deixe-me beber de todos os vinhos
Como se a tua mente ossificada fosse hoje um cálice
Mas era um grande imbecil, como guardo de ti raiva
Tanto ódio que não posso calcular
Minha vontade é de esmurrar tua face e logo em seguida urrar tudo que for possível
Mesmo que isso não seja de meu total prazer
Tua existência em minha vida é composta somente de dois momentos
Em um deles é uma sombra curvada e olho a ti como um servo olha a seu rei
Imitava a você e como já dito certa vez
Em tom Kafkaesco digo:
"Do teu trono, tu regias o mundo"
Com meu tom eu digo:
"Do teu repouso, reina agora com os vermes."

Tenho a tua parcela que mais odeio, arrancaria ela se fosse possível
Como um ser putrefato arranca um braço apodrecido
Fico contente que jaz apodrecido e foi alimento daquelas conhecidas por serem as mais asquerosas criaturas
Trocaria meu sangue, arrancaria a minha face, usarei máscara de órfão
Sou aquilo de mais odiado
Salivo com a raiva e como gosto disso
Um doente sabendo da loucura e não deseja  o tratamento

Comemorem o dia dos pais, com seus pais.
Tão humanos, amam vocês mesmo sem saber o que é o amor, abraçam a cada um de vocês quando sentem saudades dos filhos, fazem o impossível para cultivar suas crias, quando enxergam o perigo seriam capazes de arriscar a própria vida para salvar a de seus filhos. Pagam o que seria supostamente caro demais só por um filho, querem sempre seus resquícios genéticos ao lado, pois eles dizem e sabem que amam aqueles a quem deram origem. Levam vocês aos mais variados locais.

São pais aqueles que na calada da noite, quando a ultima respiração da casa e os batimentos cardíacos  ficam por fim serenos, desejam no seu intimo, estarem sozinhos e desprezam aqueles que deram origem e com quem vive juntos. Tem vontade de escapar e ficar a espreita de nada. Aqueles pais que vendem seus filhos no mercado negro ou que jogam filhos em latas de lixo. Aqueles pais molestadores, outros que chegam tarde em casa e não se importam com o sono do filho que acaba sendo roubado pela preocupação.

Admirem eles em suas totalidades (?), pois são tão humanos quanto cada um de nós e talvez um dia tu venhas a ser pai ou mãe e será hora de vestir nova máscara. Mas também será possível encontrar uma nova forma de amor.

De meu pai? Bem, contei pouco sobre ele até agora e por isso mesmo ira ficar.

2 comentários:

suh... disse...

Enquanto o tempo não passa, não temo tanto o fato da Clarice ainda não entender a ausência do "pai". Mas isso me tira o sono, muitas vezes...

Jessica Leme Santos disse...

Não sei se devo sentir mto por você, pais presentes tambem podem ser ausentes, como o meu.