Páginas

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cada vez que escrevo é como respirar após emergir de fossas abissais.

Sair de perto de estranhas criaturas que os olhos não conseguem penetrar.

Coroado de desejo em falar. Mas leio o que eu acabo de escrever e falo para cada uma dessas palavras
"Voltem aqui, não vamos mostrar os dentes tão facilmente."
Engraçado que sinto a vontade de dizê-las...

Cada palavra disparada abre espaço para que outras venham em seu lugar.

Quando cada lamento, cada suspiro, sussurro, choro, sorriso, pulsação, beijo, abraço, aperto, angustia, medo, calor, frio, tosse, espirro, suor, paixão, amor, guerra, paz, conflito, discussão e conversa viram palavras, poesia, prosa ou vento abrimos espaço para cada uma dessas coisas ou de outras que não escavamos no momento.

Escravo e algoz da próprias palavras, onde nunca consegui desvencilho delas.

Nenhum comentário: