Você acorda tarde e suado
Deu sorte de não estar figurado
Tarde do dia
Cedo para boêmia
Senta-se tonto
Tremendo do efeito
Do álcool
E do ar agora rarefeito
Pro inferno com a literatura
Dane-se as ordem gramaticais
É tudo um grande foda-se
Caguei até para os autores marginais
Uns morrem em suas camas cagados
Outros caem de janelas
Com suas cabeças em retalhos
E os livros arregaçados
Nunca li Tolstoi ou Shakespeare
Não aguentei Dostoiévski
Já li tanta merda
Mas nunca li o que eu tinha para dizer
Falamos de Gregor's e Alice's
Goethe, Rimbaud e Palahniuk
Tyler's, Henry's e Macabéa's
E para falar de sí, como fica?
Leio, escrevo
“Precedo”, “antecedo”
“Ante tarde”, “Pré noite”
Falando sobre si
Merdas, problemas
Paixões, porres
Musicas, poesias
Ficções e metonímias
Blogs, beijos
Abraços, transas
Cigarros, noites
Sol e livros
Papel queimando
Da unha até a carne
Vão ler o escritor e falar do escritor
Vão pensar no escritor e esquecer do escritor
A vida e a humanidade são enrabações
Um comendo o rabo do outro
Não comendo o meu tá bom
Comendo o do outro tá ótimo
É uma grande formiga, um minusculo elefante
Pedindo, rasgando meu peito para sair
Eu o deixo sair as vezes
Quando sento aqui para escrever e fluir
Escrevo para minhas manhãs
Para minhas noites
Para você e vocês
Escrevo para mim
Suspiro em minhas madrugadas
Tremendo com o frio
Aquecendo com a fogueira de palavras
As vezes deixo esse pequeno ser sair
Ele me assusta, ele me faz feliz
Ele suspira ao olhar para mim
Eu suspiro ao olhar para ela
Ele, ela, você, tu, nós
O que seja
Não sei se é um pássaro azul
Um alter ou um ego
Não sei e nem quero saber
Esse pequeno ser
Um Gato, um Cão
Um Pato ou Rato
Mosquito ou Pássaro
Águia ou Leopardo
Guardo ele agora aqui comigo
Não sei quando volto a escrever
Nem quando volto a tremer
Ele vai adormecendo
Eu voltando
Renascendo
Vou me indo
Sair caminhar
O que não adormece
São minhas paixões
O que não adoece
São os corações
Nunca, hoje
Amanhã, agora
Para sempre
Para tudo
Jogando os dados
Dados na roda da fortuna
Os dados viciados dos deuses
Bem altos e em rodopios
Vá com tudo
Sorrisos de vergonha
Ou lágrimas de alegria
Tente, tente com tudo
Sem medo.
5 comentários:
vc é o meu favorito. De verdade. As palavras brincam aí nos seus dedos. E a gente fica sentindo daqui.
Eu só não tenho mais coragem.
Se a cada post eu escrevo melhor... você se supera!!! De verdade, as palavras brincam aí nos seus dedos!!!!
Pro inferno com a literatura, teu texto se exalta e o resto é lixo! :)
escrever bem é a maldição de sentir-se triste.
Desabafo/poesia
Tá muito foda.
Parabéns Lucas, sempre surpreendendo. (:
é um texto forte ne camarada, mas acho que expressa mto do que sentimos ultimamente ...
bom mto bom principalmente a estrofe sobre o coraçao... :D
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